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Com oposição e chavismo nas ruas, Leopoldo López se entrega

Caracas esteve paralisada hoje e submetida a um clima de tensão

Apoiadores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante manifestação de apoio ao seu governo em Caracas (Marco Bello/Reuters)

Apoiadores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante manifestação de apoio ao seu governo em Caracas (Marco Bello/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 23h08.

Caracas - O opositor Leopoldo López, acusado pela violência gerada na quarta-feira passada após uma manifestação em Caracas, se entregou nesta terça-feira em um cenário de manifestações convocadas pelo próprio dirigente político horas antes de sua detenção e pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Caracas esteve paralisada hoje e submetida a um clima de tensão que aumentou depois que López reafirmou ontem o convite a seus seguidores para que lhe acompanhassem em uma marcha que finalmente ficou apenas na concentração após sua detenção.

Enquanto milhares de opositores atenderam o convite do dirigente, dando de cara nas primeiras horas do dia com um forte cerco policial que depois foi levantado, os trabalhadores petroleiros participaram de uma passeata em apoio a Maduro.

A crispação se manteve elevada na cidade perante a possibilidade que os dois grupos se cruzassem, o que não ocorreu, embora o governo tenha informado uma morte no leste de Caracas causada por um ferimento de bala fora do perímetro das manifestações, por causas ainda desconhecidas.

López, para quem foi emitida uma ordem de prisão depois que a passeata que convocou no último dia 12 e fevereiro terminou com três mortes, se dirigiu aos milhares de seguidores momentos antes de entregar-se para afirmar que será julgado por uma 'justiça injusta e corrupta', em um país onde 'não há separação de poderes'.

'Se meu encarceramento valer para o despertar de um povo, para que a Venezuela desperte definitivamente e que a maioria dos venezuelanos que queremos mudança possamos construir essa mudança em paz e em democracia, então este encarceramento infame vale a pena', clamou.


Após uma complicada saída em um veículo blindado da Guarda Nacional da praça em que se entregou, López foi levado, segundo Maduro, pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, a um local de confinamento fora da capital.

No entanto, horas depois, o opositor compareceu em um tribunal que diferiu até quarta-feira a audiência de apresentação.

No discurso perante os trabalhadores petroleiros, Maduro assegurou que López deve responder perante a Justiça por 'seus chamados de revolta (...) e pelo desconhecimento da Constituição', e agradeceu que a detenção do dirigente aconteceu 'como devia ser', após uma manifestação opositora 'até agora pacífica'.

Maduro se referiu aos protestos que ocorreram nos últimos dias no país e que aumentaram após os incidentes violentos do último dia 12, que, além das três mortes, deixaram dezenas de feridos e detidos, e insistiu que estas manifestações respondem a um plano concebido nos Estados Unidos para derrubá-lo.

Neste sentido, ressaltou que se há algum setor da direita ou da oposição que queira mudar o presidente, deve esperar até 2016, quando se completa a metade de seu mandato, para convocar um referendo revogatório.

Também rejeitou as declarações do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que disse que seu país está preocupado com 'os eventos' na Venezuela e pediu 'calma' para 'estabelecer canais de comunicação entre as diferentes forças políticas na Venezuela para garantir a estabilidade do país'.

Maduro respondeu ao colombiano dizendo que ele voltou a se equivocar falando da situação interna do país e lhe disse que não precisa de suas 'lições de democracia'.

O presidente passou das críticas a Santos e aos Estados Unidos ao agradecimento aos presidentes do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) pelo apoio que deram a seu governo na luta, assim como aos governantes de Rússia, China e Irã.

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