Colômbia chama Unasul de “cúmplice da ditadura” na Venezuela e deixa bloco
A saída da Colômbia já tinha sido antecipada poucos dias depois de Iván Duque assumir a presidência do país
AFP
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 15h33.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou nesta segunda-feira (27) que a Colômbia deixará a União das Nações Sul-americanas (Unasul) dentro de seis meses, devido ao seu "silêncio e cumplicidade" com a "ditadura" de Nicolás Maduro na Venezuela .
Em declaração à imprensa, o presidente disse que seu governo já iniciou o trâmite formal para denunciar o tratado que assinou em 2008 e que o vincula ao organismo.
A saída da Colômbia já tinha sido antecipada pelo chanceler Carlos Holmes Trujillo em 10 de agosto, três dias depois de Duque assumir o poder.
"Durante vários anos, denunciei publicamente que a Colômbia não deveria continuar fazendo parte da Unasul, porque é uma instituição que prestou, com seu silêncio e muitas vezes sua complacência, para que não se denunciassem os tratamentos brutais da ditadura da Venezuela" aos cidadãos, justificou Duque.
O presidente acrescentou que o bloco regional, criado por inciativa de Luiz Inácio Lula da Silva e o finado líder venezuelano Hugo Chávez, "nunca denunciou nenhum destes atropelos", como tampouco garantiu as liberdades dos venezuelanos.
No entanto, a Colômbia vai continuar trabalhando pelo "multilateralismo" na região à luz da Carta Democrática Interamericana, firmada no âmbito da Organização de Estados Americanos (OEA), expressou Duque.
"Mas não podemos continuar sendo parte de uma instituição que foi a maior cúmplice da ditadura da Venezuela", enfatizou.
Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru e Paraguai decidiram em abril suspender sua participação na Unasul até que seja nomeado um novo secretário-geral em substituição ao colombiano Ernesto Samper, que deixou o cargo em janeiro de 2017.
Com sede em Quito, o bloco estava formado por 14 nações, das quais seis, as maiores economias da região, já tinham congelado sua atividade neste fórum.
Colômbia e Venezuela, que compartilham uma conturbada fronteira de 2.200 km, passam por um período de alta tensão diplomática, a partir de acusações mútuas entre as autoridades.
Há pouco mais de um ano, Bogotá congelou praticamente suas relações com Caracas, em meio ao êxodo de centenas de milhares de venezuelanos, que fogem da escassez de comida, remédios e produtos básicos.