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Coleção na Alemanha inclui obras de arte desconhecidas

Coleção de mais de 1.400 obras de arte encontrada num apartamento de Munique por investigadores alemães após uma vistoria de rotina

Historiadora de arte Meike Hoffmann, da Universidade Livre de Berlim, durante coletiva de imprensa em Augsburg, a leste de Munique, na Alemanha (Michael Dalder)

Historiadora de arte Meike Hoffmann, da Universidade Livre de Berlim, durante coletiva de imprensa em Augsburg, a leste de Munique, na Alemanha (Michael Dalder)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 18h14.

Uma coleção de mais de 1.400 obras de arte encontrada num apartamento de Munique por investigadores alemães após uma vistoria de rotina oferece um tesouro para historiadores de arte e inclui trabalhos desconhecidos de mestres da pintura, como Marc Chagall e Henri Matisse.

Agora, autoridades enfrentam um desafio intimidador: identificar as obras, determinar sua situação legal e encontrar seus proprietários de direito, muitos dos quais foram presos pelo regime nazista. Até o momento, uma pesquisa preliminar analisou apenas cerca de 500 peças da coleção.

A coleção inclui trabalhos de mestres do século 20, como Pablo Picasso, Max Liebermann e Ernst Ludwig Kirchner, além de trabalhos anteriores de artistas como Henri de Toulouse-Lautrec, Gustave Courbet, Auguste Renoir e Canaletto. Também foram encontradas obras bem mais antigas, como uma gravura da crucificação de Cristo do século 16 de autoria do mestre alemão Albrecht Duerer.

Não está claro quantas dessas obras poderão estar sujeitas a devolução aos proprietários anteriores à Segunda Guerra Mundial. O promotor Reinhard Nemetz disse na cidade de Augsburg que os investigadores descobriram "evidências concretas" de que a coleção inclui tanto obras que os nazistas classificaram como "arte degenerada" e confiscada de museus alemães em 1937 ou logo depois, como também outros trabalhos que podem ter sido confiscados de indivíduos. Os nazistas frequentemente forçavam colecionadores judeus a venderem suas obras de arte a preços penosamente baixos para revendedores alemães, ou simplesmente confiscavam essas obras.

"Arte degenerada" eram trabalhos abstratos ou majoritariamente modernos que o regime de Adolf Hitler acreditava ser uma influência corrupta para o povo alemão. Muitos desses trabalhos foram vendidos mais tarde para enriquecer o regime. Um especialista em arte que está trabalhando com os promotores do caso afirmou que tais vendas são legalmente válidas, mesmo se for descoberto que outros trabalhos na coleção possam eventualmente pertencer a sobreviventes do regime nazista ou seus herdeiros.


A historiadora de arte Meike Hoffmann, especialista em "arte degenerada" da Universidade Livre de Berlim, ofereceu um vislumbre de algumas das obras de arte da coleção durante uma apresentação de slides feita na entrevista desta terça-feira com os promotores do caso. Ela mostrou trabalhos que disse não serem conhecidos de estudiosos, ou conhecidos apenas de documentos sem qualquer foto existente para dar uma ideia de como seria a obra. "Tais casos são de alta importância para historiadores da arte", disse Hoffmann.

Entre as descobertas, há uma pintura de uma mulher sentada feita por Henri Matisse que havia sido confiscada pelos nazistas de um banco na França durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, e que não consta do catálogo dos trabalhos do artista, disse a historiadora. Especialistas estimam que a obra tenha sido produzida em meados dos anos 1920. Um guache de Marc Chagall de uma cena alegórica também não está entre os trabalhos listados do artista, e não há informação sobre sua origem. Outras obras, como um autorretrato desconhecido do artista alemão Otto Dix e uma xilogravura de Ernst Ludwig Kirchner deram uma nova amplitude ao que era conhecido sobre esses artistas, disse Hoffmann.

Um trabalho de Courbet de uma menina com uma cabra, anteriormente na lista de suas obras, foi parar na coleção por meio de um leilão em 1949, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Uma obra de Franz Marc, intitulada "Paisagem com cavalos", foi identificada como oriunda de um museu de arte de Moritzburg, na Alemanha.

Outras obras que integram a coleção descoberta em Munique são uma pintura do alemão Max Liebermann, intitulada "Dois cavaleiros na praia" e um autorretrato do pintor expressionista alemão Otto Dix, totalmente desconhecido até agora, que pode ter sido pintado em 1919.

Descoberta

O apartamento, num distrito na região mais alta de Munique, foi descoberto em fevereiro de 2012 como parte de uma investigação tributária que começou com uma fiscalização padrão de passageiros que faziam o trajeto Zurique-Munique de trem no fim de 2010.


Promotores informaram que a fiscalização levantou suspeitas suficientes para que eles dessem início a um processo tributário preliminar contra um homem. Eles não forneceram detalhes adicionais, citando a legislação de sigilo tributário e a investigação em andamento. Nenhuma acusação foi feita formalmente.

A Alemanha vem investigando fraudes tributárias há vários anos após registros bancários roubados terem mostrado que milhares de cidadãos alemães tinham contas bancárias na Suíça.

As 121 pinturas emolduradas e outras 1.285 sem moldura foram encontradas num quarto do apartamento, onde estavam "profissionalmente guardadas e em condições muito boas", disse Siegfried Kloeble, chefe do escritório de investigações de contribuintes em Munique. Segundo ele, uma empresa especializada levou três dias para retirar as pinturas do apartamento, mas as autoridades não informaram onde as obras de arte estão sendo mantidas.

Agora, os promotores estão investigando se a coleção foi adquirida de forma indevida pelo suspeito, que não reclamou as obras de arte de volta. Os promotores não identificaram esse homem e afirmaram que atualmente não estão em contato com o colecionador.

O promotor Reinhard Nemetz, responsável pela investigação de crimes de colarinho branco, defendeu o silêncio prolongado das autoridades a respeito da descoberta por questões de segurança. "Nossa atenção inicial é se um crime foi cometido", disse o promotor, ressaltando a "posição legal extremamente complexa" do caso. Segundo ele, a atenção pública em relação ao caso é "contraproducente" para as investigações.

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