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Classe média "vulnerável" da AL pode retornar à pobreza

Segundo estudo do Banco Mundial, 38% das pessoas na América Latina ainda são considerados "vulneráveis"

Multidão no Centro de São Paulo: o aumento da idade média da população brasileira também amplia a força produtiva do país (Germano Lüders/EXAME.com)

Multidão no Centro de São Paulo: o aumento da idade média da população brasileira também amplia a força produtiva do país (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 19h15.

São Paulo - O bom desempenho econômico do Brasil nos últimos anos resultou não só no avanço da classe média brasileira, como também impulsionou esse segmento de renda na América Latina, onde houve crescimento de 50% do grupo entre 2003 e 2009. Os dados constam do relatório Mobilidade Econômica e a Ascensão da Classe Média Latino-americana feito pelo Banco Mundial e mostram, ainda, que o Brasil contribuiu com 40% dessa taxa de expansão na região. O problema, segundo a própria instituição, é que essa população economicamente emergente, tanto no Brasil como na região, corre sérios riscos de retomar o status anterior de pobreza.

Segundo os dados do relatório, 38% das pessoas na América Latina ainda são considerados "vulneráveis", uma faixa que fica entre a classe baixa pobre e a classe média. Para o banco, essas pessoas não têm renda suficiente para assegurar que não vão cair de novo na pobreza e, ao mesmo tempo, não têm renda suficiente que garanta entrada e permanência na classe média. No recorte adotado pela instituição, 'vulneráveis' ganham entre US$ 4 e US$ 10 por dia, os pobres ganham menos de US$ 4 e a classe média está situada com um rendimento diário de US$ 10 a US$ 50.


Pelos cálculos da entidade, no Brasil, quase um terço dos mais de 190 milhões de habitantes estão enquadradas nessa faixa de ganho diário, grupo que nos anos 1980 era formado por 15% da população do País. A entidade alerta que a explosão de consumo gerado por melhores condições de emprego, renda e crédito, está levando brasileiros a economizarem pouco, o que pode devolver a classe média mais baixa para a antiga condição de pobreza. "A longo prazo, se a economia do país desacelerar, essas pessoas podem se tornar excessivamente endividadas e vulneráveis", segundo o relatório.

O Banco Mundial nota que a expansão dessa faixa de renda no caso do Brasil é explicada não só pelo bom momento econômico dos últimos anos, mas também pelas políticas de redução da pobreza, às novas oportunidades de trabalho para as mulheres e à melhor formação dos trabalhadores. A instituição avalia que essa tendência de consumo crescente deve se manter nos próximos anos.

"Durante a maior parte da década de 2000, o marco de políticas da América Latina permitiu que muitos países se beneficiassem de um ambiente externo positivo para começar uma transição surpreendente para uma sociedade de classe média. Isso criou enormes expectativas, que correm o risco de se transformar em frustração, se essa transição for interrompida. No entanto, a região não pode contar com a permanência de um ambiente externo tão favorável quanto no passado recente para obter novos ganhos sociais e econômicos. Assim, será necessário um esforço de políticas muito maior para consolidar e aprofundar o processo de mobilidade ascendente e torná-lo mais resistente a possíveis choques adversos", complementa o relatório em sua análise regional.

América Latina

O Banco Mundial lembra que, após décadas de estagnação, o tamanho da classe média na América Latina e no Caribe passou de 103 milhões de pessoas em 2003 para 152 milhões em 2009, o que representa 30% da população do continente. Durante o mesmo período, enquanto a renda familiar cresceu e a desigualdade diminuiu na maioria dos países, o porcentual de pobres declinou de 44% para 30% na região. O cenário é bastante diverso daquele que prevaleceu por longo período até cerca de 10 anos atrás, quando o porcentual de pobres flutuou em torno de 2,5 vezes o da classe média.

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