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Cientistas descobrem 1.200 novas espécies na Amazônia em 10 anos

Estudo mostra que floesta perdeu área equivalente à Venezuela em 50 anos; ONG destaca usos farmacológicos das espécies

A Amazônia ocupa 45% da superfície continental da América do Sul  (Proexport/Divulgação)

A Amazônia ocupa 45% da superfície continental da América do Sul (Proexport/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2010 às 15h10.

Washington - O homem ainda desconhece grande parte da riqueza do ecossistema da Amazônia, tal como aponta um estudo da organização World Wildlife Fund (WWF) publicado hoje, que revela que nos últimos dez anos foram descobertas 1.200 novas espécies, uma a cada três dias.

"Mais uma vez se mostra a extraordinária exuberância em biodiversidade de uma região fundamental para o planeta", assinalou em declarações à Agência Efe Francisco Ruiz, chefe da Iniciativa Amazônia Viva, da WWF.

A 'formiga marciana' ("Martialis heureka"), o papagaio-de-cabeça-laranja ("Pyrilia aurantiocephala"), um pequeno peixe que vive em águas subterrâneas ("Phreatobius dracunculus") e uma rã camaleônica ("Telmatobius sibiricus") são alguns desses tesouros encontrados.

"Os números são contundentes e significa que ainda hoje continuamos descobrindo novas espécies", disse Ruiz, quem enfatizou a importância de cuidar da Amazônia antes de a ação do homem impedir que novas espécies sejam descobertas.

Os Governos, as ONGs, os cientistas e a sociedade civil "têm de redobrar esforços" para conservar a Amazônia, "já que algumas dessas plantas poderiam ter aplicação farmacológica" e "estamos pondo em perigo espécies", advertiu.

No total, no relatório "Amazônia Viva!: Uma década de descobertas 1999-2009" se incluem 637 plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 16 aves e 39 mamíferos, até agora não detectadas, embora algumas possam ter origens pré-históricas.

Entre elas está a "Martialis heureka", apelidada de 'formiga marciana', por sua combinação de características jamais registradas. Trata-se de um surpreendente exemplar depredador e cego, de dois a três milímetros de comprimento, cor branca, sem olhos, mas com grandes mandíbulas.

Descoberta no Brasil em 2008, a espécie pertence ao primeiro gênero novo de formigas vivas descoberto desde 1923. Segundo seu descobridor, o cientista Christian Rabeling, a 'formiga marciana' poderia descender de uma das primeiras formigas que evoluiu na Terra, há mais de 120 milhões de anos.


A interação entre homem e meio ambiente levou os moradores do município de Rio Pardo (Rio Grande do Sul) a descobrirem, por acaso, o peixe "Phreatobius dracunculus" quando perfuravam um poço e encontraram vários espécimes nos baldes em que extraíam água.

Desde então, esta espécie que vive principalmente em águas subterrâneas foi visto em outros poços, a maioria deles em Rondônia.

Por seu colorido, destaca-se entre as espécies recém-descobertas o papagaio-de-cabeça-laranja, achado em localidades dos rios Madeira e Tapajós, que foi registrado como "quase ameaçado" porque sua população, que já é pequena, está diminuindo com a destruição de seu habitat.

Outra das espécies mais peculiares é uma rã com cabeça cor de fogo e patas contrastadas, encontrada na região florestal de Iquitos, no Peru.

Como bioma, a Amazônia abrange 6,7 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 45% da superfície continental da América do Sul e mais de 1,5 vezes a Europa, explica Ruiz. No entanto, a maior parte da região continua sem ser explorada.

A WWF adverte que, nos últimos 50 anos, o homem provocou a destruição de 17% da área de floresta tropical na Amazônia, um espaço maior que a Venezuela ou duas vezes o tamanho da Espanha.

A organização aponta o rápido crescimento da demanda de carne, soja e biocombustível como uma das principais causas desta transformação, já que "80% das áreas desmatadas são ocupadas por pastos para gado".

Dado o nível de desenvolvimento de alguns países, a WWF destaca a necessidade de avançar na definição de áreas protegidas, além de parques naturais e reservas, que permitam a conservação do meio ambiente.

"Reconheçamos a extraordinária riqueza que está em nossas mãos e que está em risco, caso não aumentemos nossos esforços para sua conservação", conclui a ONG.

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