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Cientistas criam plástico à base de batata

Produto desenvolvido por pesquisadores peruanos leva até dois anos para se decompor no meio ambiente. Plástico convencional demora dezenas de anos

Desafio do projeto é conseguir produzir produto em larga escala. Indústria de plásticos é inexistente no Peru.  (.)

Desafio do projeto é conseguir produzir produto em larga escala. Indústria de plásticos é inexistente no Peru. (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Um grupo de cientistas peruanos inventou um plástico à base de batata biodegradável, uma alternativa para minimizar os efeitos da poluição e agregar valor aos produtos agrícolas do país.

O produto, elaborado a base de amido de batata, um tubérculo originário da zona do Lago Titicaca, e outros tubérculos como a mandioca e a batata-doce, "é biodegradável e, além disso, é biocompostável (se decompõe e se transforma em adubo)", explicou à Agência Efe o coordenador geral do projeto da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), Fernando Torres.

Um plástico fabricado com derivados do petróleo como as sacolas de supermercado e os produtos eletrodomésticos em geral, demora dezenas de anos para se desintegrar, e ainda assim não desaparece completamente. Um material biodegradável, no entanto, só demora dois anos.

Por isso a equipe da PUCP trabalha há anos na criação dos plásticos biodegradáveis a base de tubérculos, um projeto financiado pelo Programa de Ciência e Tecnologia (FINCyT) do Peru. O plástico é produzido no laboratório, onde se extrai a umidade da batata, o material é filtrado e através de um processo de centrifugação o tubérculo é seco, obtendo-se assim o amido.

Desse momento em diante, o amido é trabalhado em um equipamento para processar plásticos convencionais até ser transformado em lâminas com aspecto similar às lâminas do material encontradas no mercado.

    <hr>                                     <p class="pagina">Salomón Soldevilla, do departamento de Agroindústria da FINCyT, afirma  que o objetivo do projeto é "estabelecer os protocolos de  desenvolvimento de tecnologia para que estas fontes naturais possam ser  utilizadas de diversas formas".<br> <br> A maior parte dos plásticos biodegradáveis é fabricada à base de milho,  um produto abundante nos Estados Unidos, país que, além disso, conta com  uma indústria capaz de produzir o alimento em grande escala, explica  Torres.<br> <br> A novidade deste plástico, que ainda está em fase de pesquisa, é o uso  do amido da batata peruana.Agora os pesquisadores comandados por Torres, doutor em ciência de  materiais, tentarão precisar qual variedade de batata, entre as milhares  existentes no Peru, "é a mais adequada".<br> <br> Os cientistas já conseguiram produzir lâminas e filmes (de plástico de  amido de batata) que podem servir de modelo para bandejas e sacolas,  muito utilizadas no Peru, onde a consciência ecológica não é muito  grande. No país são usadas muitas sacolas e é comum ver as pessoas  descartando o material na rua.<br> <br> Além disso, os cientistas da PUCP também enfrentam o desafio de passar  para a próxima etapa da pesquisa e produzir o produto em grande escala  em um país em que a indústria do plástico é inexistente.<br> <br> "O Peru não tem indústria, não produz matéria-prima plástica", diz  Torres. Ele explica que apesar de existirem milhares de variedades de  batata, o amido deste tubérculo tem que ser importado dos Estados  Unidos."Um produto deste tipo também pode criar um valor agregado para a  agricultura do país", afirmou Torres.<br> <br> O Peru é, sobretudo, um país exportador de matéria-prima e um terço da  população vive em situação de pobreza, especialmente nas áreas rurais,  apesar de um crescimento sustentado durante quase uma década. </p>        
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