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Cidade ucraniana de Donetsk sofre primeiro ataque aéreo

O reduto rebelde de Donetsk sofreu hoje seu primeiro ataque aéreo

Homens retiram destroços após ataques aéreos à cidade de Donetsk, na Ucrânia (Dimitar Dilkoff/AFP)
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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2014 às 13h50.

Donetsk -O reduto rebelde de Donetsk, no leste da Ucrânia , sofreu nesta quarta-feira seu primeiro ataque aéreo, e as forças governamentais, que se preparam para retomar a cidade, disseram que 18 soldados morreram em confrontos com rebeldes.

Kiev negou estar por trás do ataque, que não deixou vítimas civis, segundo as autoridades locais.

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"O distrito de Kakininski sofreu durante a noite um ataque aéreo (...). Não há vítimas civis", declarou a prefeitura em um comunicado, acrescentando que uma bomba havia aberto uma cratera de quatro metros de diâmetro e 1,5 de profundidade em uma estrada.

O ataque ocorreu em uma zona industrial que aloja vários armazéns situada sete quilômetros a leste do centro de Donetsk e da sede da administração local, controlada pelos rebeldes.

Um repórter da AFP observou duas grandes crateras na estrada e outra nos trilhos de um trem a 100 metros, assim como um armazém seriamente danificado e um edifício de escritórios de três andares com todas as janelas quebradas.

Observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) inspecionavam a zona na manhã desta quarta-feira escoltados por dois rebeldes.

Trata-se do primeiro ataque aéreo sofrido por esta cidade, de um milhão de habitantes e controlada pelos rebeldes, desde o início do conflito, em meados de abril. A aviação ucraniana havia bombardeado em maio o aeroporto internacional de Donetsk, na periferia desta cidade do leste do país, em uma tentativa de recuperá-lo.

O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Andry Lysenko, declarou nesta quarta-feira que os militares ucranianos não bombardearam zonas com construções.

Mas o ataque ocorreu num momento em que Kiev redobra seus esforços para recuperar a zona, e depois de ter feito avanços e apertado o cerco em torno de Donetsk nas últimas semanas.

"O cerco se fecha ao redor de Donetsk, Lugansk e Gorlivka", redutos separatistas do leste da Ucrânia, declarou à AFP nesta quarta-feira Oleksi Dimytrachkivski, porta-voz para as operações ucranianas no leste.

"As tropas se reagrupam e reforçam os cordões. Nos preparamos para libertar as cidades" controladas pelos separatistas, declarou.

Um êxodo em massa

O exército garante que praticamente isolou Donetsk da fronteira russa e do segundo reduto rebelde, Lugansk.

Mas também foi vítima de bombardeios, e nesta quarta-feira indicou que 18 soldados morreram e 54 ficaram feridos nos combates das últimas 24 horas, o número mais alto em semanas.

Três civis também morreram durante a noite em bombardeios periféricos de Donetsk, disse a prefeitura, incluindo duas mortes que já haviam sido anunciadas na noite de terça-feira.

O conflito no leste da Ucrânia, que a Cruz Vermelha já classificou de guerra civil, deixou 1300 mortos desde abril, segundo dados das Nações Unidas.

Os civis foram muito afetados, e mais de 285.000 precisaram fugir de seus lares nos últimos meses, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR), que alertou sobre o risco de um êxodo maciço se os combates se intensificarem.

As autoridades locais de Lugansk disseram nesta quarta-feira que seguiam sem eletricidade, água corrente, conexões telefônicas e combustível, e que o abastecimento de alimentos estava se reduzindo.

A situação dos refugiados foi alvo de discussões na sede da ONU em Nova York na terça-feira, quando o embaixador russo, Vitali Churkin, pediu que o Conselho de Segurança tome medidas de urgência diante da deterioração da situação humanitária no leste da Ucrânia.

A representante adjunta americana, Rosemary DiCarlo, respondeu dizendo que Moscou tinha sua parcela de culpa na crise. "A Rússia pode colocar fim a tudo isso", lançou.

Reforço na fronteira

A Rússia, por sua vez, reforçou suas tropas mobilizadas na fronteira com a Ucrânia de 12.000 para 20.000 efetivos em meados de julho, indicou nesta quarta-feira a Otan, na véspera de uma visita do secretário-geral da organização a Kiev.

Segundo o ministério das Relações Exteriores ucraniano, Anders Fogh Rasmussen visitará Kiev na quinta-feira a convite do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, para discutir uma reunião iminente sobre a parceria Otan-Ucrânia.

Já a porta-voz da Otan, Oana Lengescu, disse que os recentes movimentos russos, após o endurecimento das sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia no mês passado, disparam a tensão e minam os esforços para alcançar uma solução diplomática ao conflito na Ucrânia.

"A Rússia dispõe de 20.000 efetivos prontos para o combate (na fronteira). Esta situação é perigosa", disse Lungescu.

"Compartilhamos a preocupação de que a Rússia possa recorrer à desculpa de uma missão humanitária ou de manutenção da paz para enviar tropas ao leste da Ucrânia", afirmou, acusando Moscou de seguir apoiando os separatistas pró-russos e de permitir a passagem de armas pela fronteira.

"Toda deterioração da situação humanitária nas zonas controladas pelos separatistas deve-se à persistente desestabilização russa da Ucrânia", explicou.

Lungescu reiterou que a Rússia deve abandonar este apoio e retirar "todas as suas forças militares da fronteira".

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