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Cidade nos EUA tem alerta de bomba após Trump dizer que migrantes haitianos comem pets

Republicano difundiu teoria de conspiração falsa durante debate com Kamala Harris na terça-feira

Policial e cão guarda durante evacuação de Prefeitura de Springfield após ameaça de bomba (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

Policial e cão guarda durante evacuação de Prefeitura de Springfield após ameaça de bomba (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 20h57.

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As autoridades de Springfield, no estado de Ohio, ordenaram a evacuação da Prefeitura nesta quinta-feira devido a uma ameaça de bomba depois que o ex-presidente Donald Trump difundiu uma teoria de conspiração falsa, durante o debate com a vice-presidente Kamala Harris, de que migrantes haitianos estavam comendo animais de estimação na cidade. O boate, apesar de ter sido desmentido imediatamente pelos jornalistas da rede ABC, circulou entre fóruns da extrema direita americana.

"Devido a uma ameaça de bomba enviada hoje a vários organismos em Springfield, a Prefeitura está fechada", diz a conta oficial no Facebook desta pequena cidade de 60 mil habitantes.

A polícia local desmentiu o boato categoricamente, assim como vários veículos que realizam checagem de conteúdo. Mas, desde então, o candidato republicano tem repetido a informação falsa.

A Casa Branca denunciou uma "teoria da conspiração (...) com raízes racistas", alertando para os perigos da desinformação .

— Este tipo de desinformação é perigosa porque algumas pessoas vão acreditar nisso, por mais absurdo e estúpido que seja, e podem reagir de uma forma que pode causar feridos — disse na terça-feira John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Em meio aos alertas na cidade, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que o episódio "é a propagação da imundície (...) o que põe vidas em perigo" nas "comunidades que estão sendo difamadas.

Ao saber da notícia da ameaça de bomba, Mackenso Roseme, um imigrante haitiano, deixou o trabalho em um armazém da Amazon, na cidade vizinha de Dayton, e foi para o colégio onde estuda o filho. Ali se deparou com um cartaz, com dizeres em inglês, espanhol e crioulo, informando que as crianças tinham sido retiradas.

— O momento atual realmente é preocupante — disse ele à AFP. — Estou um pouco estressado. Acho que alguma coisa pode acontecer.

As acusações contra os haitianos em Springfield parecem ter surgido de uma simples postagem no Facebook, supostamente de um morador da cidade, que citou a amiga da filha de outro morador, segundo a qual seus vizinhos — que seriam haitianos — tentaram comer seu gato. Apesar da natureza altamente duvidosa do boato, Donald Trump e seu entorno não parecem dispostos a se retratar de suas declarações.

"Ohio está inundado de migrantes sem documentos, a maioria deles procedente do Haiti, que tomam conta de cidades e povoados em um ritmo nunca visto", voltou a escrever nesta quinta o candidato republicano em sua rede social, Truth Social.

Em Springfield, um grupo de clérigos impulsionam iniciativas para baixar a tensão. Nesta quinta, convocaram uma coletiva de imprensa na qual rezaram juntos, com as mãos entrelaçadas e pedindo unidade.

— Hoje aconteceram ameaças de violência — disse à AFP Wes Babian, ex-pastor de uma igreja batista local.

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