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CIA pode sair ilesa do escândalo das torturas

Apesar das revelações sobre tortura da CIA provocarem indignação, é pouco provável que elas afetem a agência de inteligência americana


	CIA: a agência é há décadas alvo recorrente de críticas por suas controversas operações
 (AFP/ Saul Loeb)

CIA: a agência é há décadas alvo recorrente de críticas por suas controversas operações (AFP/ Saul Loeb)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 15h11.

Washington - As revelações sobre as torturas da CIA contra supostos membros da Al Qaeda provocaram indignação nos Estados Unidos e no mundo, mas é pouco provável que afetem a agência de inteligência americana.

O relatório que o Senado dos Estados Unidos publicou na terça-feira, que detalha os maus tratos e torturas de prisioneiros e as mentiras da CIA, é chocante.

A agência de inteligência americana é há décadas alvo recorrente de críticas por suas controversas operações, que terminam frequentemente em fiascos.

Assim, o fracassado desembarque na Baía dos Porcos, em Cuba, no início dos anos 1960, o caso Irã-Contras nos anos 1980 e os relatórios falsos sobre armas de destruição em massa no Iraque no início dos anos 2000 foram outras tantas ocasiões para que seus opositores criticassem a CIA.

No entanto, embora a reputação da agência tenha recebido um sério golpe com as detalhadas e perturbadoras revelações sobre o tratamento reservado aos prisioneiros e as mentiras à Casa Branca e ao Congresso, a CIA continuará sendo um organismo vital da espionagem e da coleta de informação em todo o mundo.

Os recursos para financiá-la aumentaram em bilhões de dólares nos anos posteriores aos atentados de 11 de setembro de 2001. A CIA dirige uma frota de drones que mata regularmente combatentes inimigos e dispõe de cada vez mais funcionários.

Embora a democrata Dianne Feinstein, presidente da comissão de Inteligência do Senado e quem redigiu o documento sobre a aplicação de torturas, tenha descrito as ações da CIA como uma "mancha em nossos valores e nossa história", a maioria dos membros do Congresso apoiam estas operações secretas, porque as consideram essenciais para combater adversários como o grupo Estado Islâmico (EI).

E, apesar das conclusões do relatório da senadora Feinstein sobre a ineficácia das torturas, a CIA insiste que seus brutais interrogatórios permitiram extrair informações cruciais para, por exemplo, localizar Osama Bin Laden, morto em 2011.

Agência essencial

"A administração Obama e muito certamente as seguintes continuarão se apoiando na CIA para o trabalho tradicional de coleta de informação e para as operações antiterroristas no mundo", declarou à AFP William Banks, especialista em inteligência e diretor do Instituto para a Segurança Nacional e Antiterrorismo na Universidade de Siracusa.

"A agência é realmente essencial para preservar a segurança nacional agora e no futuro. Penso que o episódio das torturas é odioso, mas continua sendo uma exceção", acrescentou.

A CIA realizou operações arriscadas sob todas as presidências americanas desde sua criação, em 1947. Dispõe de poderes únicos para espionar, chantagear e inclusive matar inimigos dos Estados Unidos no mundo.

Suas missões adquiriram ainda mais importância após o 11 de setembro, quando a perseguição de terroristas se converteu em pedra angular da estratégia de Washington para impedir novos atentados.

Mesmo os críticos mais duros da agência, como o senador democrata Mark Udall, apoiam as missões essenciais da CIA.

E após meia hora de críticas intensas no Senado, onde lamentou que a agência "se negue a reconhecer o que fez" e pediu a renúncia de seu diretor, John Brennan, Udall afirmou que o relatório sobre as torturas pode ter, no fim das contas, um impacto positivo sobre a CIA.

O relatório do Senado e uma maior transparência ajudarão os Estados Unidos "a encontrar o equilíbrio entre o segredo e os princípios democráticos", disse à AFP.

O senador republicano Saxby Chambliss também descartou qualquer restrição orçamentária para a CIA como forma de represália. Afirmou que o organismo tomou hoje o bom caminho: "Trabalhamos de forma diferente no presente e penso que isso nos ajudará no longo prazo".

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