Câmbio valorizado pode ajudar no controle da inflação (.)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2010 às 14h58.
São Paulo - A decisão do governo chinês de flexibilizar o câmbio pode ser benéfica para o mundo inteiro, inclusive para a própria China. Na avaliação do economista-sênior do BES Investimento, Flávio Serrano, a grande questão é "qual velocidade será adotada nesse processo".
Uma valorização do iuane (nome em português da moeda chinesa, yuan) tende a facilitar as exportações para a China, o que seria ótimo para os países ricos que ainda sofrem os efeitos da crise internacional. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, considera que a política cambial chinesa cria uma moeda artificialmente desvalorizada, gerando uma concorrência desleal. O tema deverá ser tratado na cúpula do G-20, nesta semana, no Canadá.
Por outro lado, Flávio Serrano explica que a China também pode sair ganhando com essa medida. "Uma moeda mais valorizada aumenta a renda da população e fortalece o mercado interno, acelerando o consumo de serviços".
Outro aspecto positivo é que o câmbio apreciado facilita as importações de produtos de países desenvolvidos, que atualmente registram deflação. "Portanto, em vez de elevar os juros para controlar a economia, o governo chinês poderá importar essa deflação", explica o economista-sênior do BES Investimento. "Ganha a China, que não precisa intensificar o aperto monetário, ganha a economia mundial, que não sofrerá com uma desaceleração da economia chinesa."
Flávio Serrano ressalta, no entanto, que o câmbio continuará sob intervenção. "Está longe de ser um regime flutuante". O ritmo de valorização é fundamental para que os efeitos sejam sentidos na prática. "Se a moeda subir apenas 10% em 10 anos, o impacto será mínimo", diz.
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