EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2010 às 16h16.
Pequim/Tóquio - A China suspendeu o diálogo com o Japão no domingo e prometeu forte retaliação se um tribunal japonês continuar a deter o capitão chinês de uma traineira de pesca que bateu em dois navios da guarda costeira japonesa.
A disputa entre as duas maiores economias da Ásia começou quando o Japão prendeu o capitão, acusando-o de deliberadamente bater contra um navio de patrulha da guarda costeira e de entrar no caminho de autoridades perto das ilhas desertas do Mar Oriental da China, que ambos os países consideram suas.
"A China exige que o Japão liberte imediatamente o capitão sem pré-condições", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Ma Zhaoxu num comunicado que está no website do ministério, repetindo que a China vê a detenção como algo inválido e ilegal.
"Se o Japão age com teimosia apesar de conselhos para fazer o contrário, e insiste em cometer um erro após o outro, o lado chinês vai retaliar com força e todas as consequências terão de ser assumidas no lado japonês", disse Ma.
A decisão japonesa "danificou seriamente as relações bilaterais entre os dois países", disse a TV estatal, lendo uma resposta separada do ministério chinês.
A China suspendeu o diálogo com o Japão, interrompeu negociações sobre o aumento de voos entre os dois países e adiou uma reunião sobre cooperação na área de carvão, disse a matéria.
A agência japonesa Kyodo disse que a detenção do capitão foi estendida até 29 de setembro. O tribunal japonês não respondeu a pedidos de comentário.
O Japão pediu calma e disse que o caso do capitão de barco chinês receberia o tratamento adequado, de acordo com as leis locais.
"Em relação a questões individuais, o que se precisa é responder com calma sem se deixar levar pela emoção", disse Noriyuki Shikata, porta-voz do primeiro-ministro.
"Nossa posição básica é de que precisamos criar ligações sino-japonesas baseadas em relações estratégicas mutuamente benéficas", ele disse à Reuters por telefone.
A mais recente disputa sobre as ilhas desertas - chamadas de Diaoyu na China e Senkaku no Japão - tem causado desconfiança dos dois lados sobre a questão da soberania e sobre o controle de reservas potenciais de petróleo e gás natural no fundo do mar que separa os dois países.
No sábado, centenas de manifestantes chineses em várias cidades exigiram que o Japão liberte o capitão do barco pesqueiro.
O jornal Nikkei disse no domingo que o Japão pode começar a perfurar perto de um campo de gás no Mar Oriental da China se a China fizer o mesmo.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, e seu ministro das Relações Exteriores disseram que o Japão começará a tomar "medidas de equilíbrio" se a China começar perfurações no campo de gás Chunxiao, para onde Pequim recentemente começou a enviar equipamento, disse o Nikkei, acrescentando que Tóquio considerou a ideia de levar o caso para o tribunal marítimo internacional.
A disputa é em relação ao local exato onde fica a fronteira marítima exclusiva dos dois países. Em 2008, os vizinhos concordaram em resolver a disputa explorando em conjunto vários campos de gás natural na área.
A estimativa é de que haja apenas 92 milhões de barris de óleo-equivalente na região mas ambos os países têm disputado a região com esperança de que haja mais hidrocarbonetos ali.
Leia mais notícias sobre Ásia.