China registra o crescimento demográfico mais lento em décadas
Na comparação com o censo de 2010, a população chinesa aumentou 5,38% em 10 anos (0,53% em média por ano), o avanço mais lento desde a década de 1960
AFP
Publicado em 11 de maio de 2021 às 07h11.
Última atualização em 11 de maio de 2021 às 07h14.
A China tem cada vez mais aposentados em comparação com os trabalhadores ativos. Durante os últimos 10 anos, a população do país registrou o crescimento mais lento em décadas e em breve a nação deve ser superada pela Índia em número de habitantes.
Quais são as tendências entre as maiores empresas do Brasil e do mundo? Assine a EXAME e saiba mais.
O país de maior população do mundo tinha oficialmente 1,411 bilhão de habitantes no fim do ano passado, anunciou Pequim nesta terça-feira (11) ao divulgar os resultados do censo decenal.
Na comparação com a pesquisa de 2010, a população chinesa aumentou 5,38% em 10 anos (0,53% em média por ano), segundo o Escritório Nacional de Estatísticas. Este é avanço mais lento desde a década de 1960.
Com este ritmo, o país pode perder o título de maior população do planeta mais rápido que o previsto. A Índia deveria registrar em 2020, segundo estimativas da ONU, 1,38 bilhão de habitantes.
A população da Índia cresce na média de 1% por ano, segundo um estudo divulgado ano passado por Nova Délhi.
A China já havia divulgado uma previsão de que a curva de crescimento populacional deve atingir o pico em 2027, quando a Índia superaria o vizinho. A população chinesa começaria, então, a diminuir, até chegar a 1,32 bilhão de habitantes em 2050.
O porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Ning Jizhe, confirmou que o país se aproxima do "pico", mas não antecipou uma data. A população deve ser superior a 1,4 bilhão "durante um certo tempo", se limitou a declarar.
A influência da covid-19
A queda da taxa de natalidade tem várias razões: diminuição do número de casamentos, o custo da habitação e da educação, a gravidez mais tardia das mulheres que priorizam a carreira, entre outras.
No ano passado, marcado pela epidemia de covid, o número de nascimentos caiu a 12 milhões, contra 14,65 milhões em 2019, ano em que a taxa de natalidade (10,48 por 1.000) já estava no menor nível desde a fundação da China comunista em 1949.
A epidemia "aumentou a incerteza da vida cotidiana e a preocupação com o nascimento de um filho", reconheceu Ning.
O regime comunista recorda constantemente que erradicou em grande medida a epidemia, que surgiu no fim de 2019 na região central do país.
Em 2016 o país flexibilizou a política do filho único, permitindo que todos os chineses tenham o segundo filho. Mas a medida não serviu para estimular a taxa de natalidade, o que leva algumas pessoas a pedir o fim do limite de duas crianças por família.
Os demógrafos advertem que o país pode registrar o mesmo fenômeno do Japão e Coreia do Sul (com excesso de idosos em comparação com o número de jovens e trabalhadores).
Em março, o Parlamento aprovou um plano para aumentar progressivamente a idade de aposentadoria durante os próximos cinco anos.
Explosão de migrantes internos
De acordo com os resultados do censo, no ano passado o país tinha mais de 264 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, uma população que representa 18,7% do total do país, ou seja um aumento de 5,44% na comparação com 2010.
A população em idade ativa (15 a 59 anos) representa 63,35% do total, 6,79% a menos que na década passada.
"O maior envelhecimento da população exerce uma pressão contínua sobre o equilíbrio demográfico a longo prazo", admite o Escritório Nacional de Estatísticas.
Outro dado reflete os desequilíbrios potenciais: a população "flutuante" de migrantes internos. Estas pessoas de zonas rurais que trabalham em cidades com pouca proteção social chegaram no ano passado a 376 milhões, um aumento de quase 70% em uma década.
A publicação do censo foi adiada em várias semanas, o que alimentou a ideia de que os números seriam ruins para o regime comunista.
No fim de abril, o governo desmentiu informações da imprensa de que a China anunciaria a primeira redução da população desde a grande fome do fim dos anos 1950, que provocou dezenas de milhões de pessoas.