China pede respeito ao Canadá após condenação de cidadão canadense à morte
Um tribunal chinês condenou um cidadão canadense à pena de morte por tráfico de drogas; o governo canadense criticou a decisão
EFE
Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 09h57.
Pequim - A China pediu nesta terça-feira ao Canadá respeito à sua legislação e que pare de fazer "comentários irresponsáveis", em referência à acusação de "arbitrariedade" feita pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, após a condenação à mote de um cidadão do país por tráfico de drogas ditada por um tribunal chinês.
O canadense Robert Lloyd Schellenberg foi condenado à morte ontem, depois que em dezembro foi determinada a repetição de seu processo judicial. A princípio, tinha sido ditada uma sentença de 15 anos de prisão, considerada "pouco severa" pelas autoridades chinesas.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Hua Chunying qualificou de "erro" as declarações de Trudeau, que também garantiu que esta sentença representa "uma grave preocupação" para seu Governo e deveria ser também para toda a comunidade internacional, já que a China "elegeu aplicar arbitrariamente a pena de morte".
"Antes de fazer tais comentários, a pessoa em particular (Trudeau) tem que ler atenciosamente a notificação emitida pelo Tribunal de Dalian e as leis chinesas pertinentes", advertiu em entrevista coletiva Hua, que insistiu que "todas as pessoas são iguais diante da lei na China".
Na sua opinião, as observações feitas pelo primeiro-ministro canadense "estão cheias de duplos padrões e carecem do espírito do Estado de Direito", por isso que mostrou a "insatisfação" de Pequim diante de tais acusações.
"Pedimos à parte canadense que respeite o Estado de Direito e a soberania chinesa, e pare de fazer este tipo de comentários irresponsáveis", acrescentou.
Schellenberg foi detido após participar de 2014 de uma tentativa de envio de 222 quilogramas de anfetaminas escondidas em pneus da China à Austrália, de acordo com a agência oficial chinesa "Xinhua".
"Quem detém arbitrariamente cidadãos estrangeiros é a parte canadense", acusou Hua, que se referiu à detenção em 1 de dezembro no Canadá da diretora financeira da companhia chinesa Huawei, Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos, que supôs o início de uma grave crise diplomática entre Pequim e Ottawa.
Dias depois da detenção de Meng, o Governo de Pequim prendeu dois canadenses, Michael Kovrig e Michael Spavor, supostamente por pôr em risco a segurança nacional chinesa. Enquanto Meng desfruta agora de liberdade após ter pago uma fiança, ambos seguem sob custódia policial.
Apesar desta série de confrontos, a porta-voz da diplomacia chinesa afirmou que ambos os países "mantêm comunicações fluentes" e que o Canadá conhece "de maneira clara" a postura chinesa a respeito.