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China determina o fim do Big Brother de Ai Weiwei

O artista dissidente havia instalado em sua casa câmeras conectadas à internet para ironizar a vigilância constante a que é submetido pelo regime chinês

Ai Weiwei permaneceu detido por 81 dias no ano passado
 (Peter Parks/AFP)

Ai Weiwei permaneceu detido por 81 dias no ano passado (Peter Parks/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 07h42.

Pequim - O artista dissidente chinês Ai Weiwei anunciou nesta quinta-feira que as autoridades ordenaram que ele desligasse as câmeras conectadas à internet que havia instalado em sua residência de Pequim para ironizar a vigilância constante a que é submetido.

"Me pediram que as desligasse, após 46 horas de funcionamento", declarou à AFP o dissidente, que disse ter recebido a "ordem estrita" por telefone.

O artista afirmou ainda que as autoridades não apresentaram um motivo para a ordem.

"Nunca apresentam, nunca soube o motivo de meus 81 dias de detenção".

Ai Weiwei ficou preso em um local não revelado de abril a junho de 2011, o que provocou uma onda de indignação em todo o mundo. Desde então vive sob vigilância, sem poder abandonar Pequim.

Diante de sua residência-ateliê, no bairro de Caochangdi, onde ficam várias galerias artísticas de vanguarda, as autoridades mantêm um permanente sistema de vídeo-vigilância.

Ao instalar em sua residência quatro câmeras adicionais, cujas imagens podiam ser vistas no endereço weiweicam.com, Ai Weiwei ressaltou o sentimento de provocação que caracteriza sua obra e irrita o regime de Pequim.

"Eu expliquei: vocês têm 15 câmeras que apontam para mim. A câmera que instalei em meu quarto é exatamente a mesma que eu tinha sobre a cabeça durante os 81 dias de detenção. Então, faço um favor a vocês ao permitir uma vigilância estreita de meus atos e gestos", contou o pintor, escultor e artista plástico.

O artista e dissidente, que não poupa críticas ao Partido Comunista, revelou em novembro que recebera uma notificação para pagar ao fisco 15 milhões de yuanes (1,7 milhão de euros).

Graças à mobilização de 30.000 chineses, ele conseguiu entregar a garantia necessária para apresentar uma apelação contra a retificação, que, segundo Weiwei, será uma punição por suas críticas ao regime. As autoridades aceitaram reconsiderar a decisão e o procedimento está em curso.

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