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China acusa imprensa estrangeira de mentir sobre torturas

As notícias apontadas como falsas retratam supostas torturas que o advogado de direitos humanos Xie Yang sofreu no país

China: relato sobre abusos policiais gerou grande polêmica no início deste ano (Toby Melville / Reuters)

China: relato sobre abusos policiais gerou grande polêmica no início deste ano (Toby Melville / Reuters)

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EFE

Publicado em 2 de março de 2017 às 14h02.

Pequim - Os meios de comunicação oficiais chineses estão acusando à imprensa estrangeira de divulgar "notícias falsas" sobre as supostas torturas que o advogado de direitos humanos Xie Yang sofreu e cujo relato sobre abusos policiais gerou grande polêmica no início deste ano.

A agência oficial "Xinhua" e outros meios controlados pelo governante Partido Comunista, como o jornal "Global Times", asseguram que as denúncias do letrado são uma "mentira orquestrada habilmente" por outro advogado também dedicado aos direitos humanos, Jiang Tianyong, que está detido.

"As histórias são basicamente notícias falsas", afirma a agência oficial "Xinhua" em referência aos artigos de jornais estrangeiros que repercutiram as acusações de Xie.

Xie denunciou ter sofrido múltiplos abusos físicos e psicológicos durante os seis meses em que passou detido em um lugar não determinado e divulgou os nomes de seus supostos agressores em uma conversa que teve com seus advogados quando foi enviado a um centro de detenção regular, onde ainda permanece.

Agora, a imprensa chinesa acusa Jiang Tianyong, um dos advogados mais conhecidos da China, de ter orquestrado esse relato junto com a mulher de Xie para conseguir "manchetes" na imprensa internacional.

A agência "Xinhua" garante que Jiang confessou tais informações em entrevista, sem detalhar quando nem onde ocorreu este contato, e sustenta que Xie Yang se encontra em bom estado de saúde.

O caso lembra o de outros profissionais deste setor que relataram os crimes em entrevistas à imprensa chinesa. Jiang Tianyong, que levou alguns dos casos mais polêmicos para o regime chinês, desapareceu no final do ano passado e meses depois a Polícia confirmou sua detenção, apesar de não dizer onde ele estava.

O grupo de advogados de direitos humanos defende que as denúncias de tortura são "autênticas" e organizações, como Anistia Internacional (AI) e Chinese Human Rights Defenders (CHRD), documentaram os abusos em vários relatórios.

Patrick Poon, investigador da AI em Hong Kong, lembra que que a imprensa oficial "costuma criticar a mídia estrangeira" por suas informações "tendenciosa", mas é raro utilizar o termo "notícias falsas", o que gera preocupação.

"A tendência no Ocidente, especialmente nos Estados Unidos, é atacar os principais veículos de comunicação. É preocupante que o governo chinês aproveite também esta situação para ir contra estes veículos estrangeiros", disse Poon, em referência às críticas vertidas pelo presidente americano, Donald Trump, à imprensa.

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