Na China, a esperança nos banheiros

O Partido Comunista Chinês procura maneiras para estimular a economia do país — segundo dados oficiais, o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi de 6,7%, o mais baixo desde 2009. O plano, como se sabe, é apoiar o consumo interno. A surpresa ficou mesmo por um dos produtos elegidos pelo governo central para acelerar o crescimento: panelas elétricas de arroz, eletrodomésticos de cozinha — e assentos sanitários inteligentes.

O plano do governo indica uma mudança na política que vinha sendo adotada até aqui: saem do foco siderúrgicas, estaleiros e indústria pesada e entram em cena os bens de consumo. Com 1,3 bilhão de habitantes, a China vive um momento propício para o mercado interno. Os chineses estão mais exigentes quanto à qualidade dos produtos que consomem, adotando novos hábitos.

Uma dessas mudanças de comportamento está, justamente, na higiene. Segundo a consultoria Koncept Analytics, o consumo de papel higiênico pelos chineses saltou de 8,4 quilotoneladas em 2011 para 13,5 quilotoneladas em 2015. Apesar do crescimento de 60%, o consumo per capita de papel ainda está abaixo de Estados Unidos, Coreia do Sul, Europa e Japão.

De quebra, o uso de papel higiênico e assentos sanitários deve ter efeito positivo em outro setor na economia ao aumentar o turismo interno. O presidente Xi Jinping é defensor de um grande plano de construções de banheiros públicos na China para cidadãos do interior menos acostumados com a vida nas grandes e modernas cidades. Alguns dos 14.320 banheiros inaugurados em 2015, contam com café e WiFi grátis. Os assentos inteligentes fariam parte dessa estratégia. Afinal, é como diz uma propaganda oficial para o uso de banheiros por chineses: “Um pequeno passo para você, um salto gigante para o comportamento civilizado”.