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Chile quer ampliar exportação para Nordeste e Centro-Oeste e sugere "Piscorinha"

País planeja ampliar consumo de pisco chileno no Brasil e oferecer mais serviços de mineração em MG

Caipirinha também pode ser feita com pisco, apontam os chilenos (Mário Rodrigues/Divulgação)

Caipirinha também pode ser feita com pisco, apontam os chilenos (Mário Rodrigues/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 2 de outubro de 2024 às 11h42.

As exportações de produtos do Chile ao Brasil estão em tendência de alta, mas o movimento ainda é concentrado no Sudeste. O plano do governo do país latino-americano é aumentar a venda de itens como salmão e vinhos para outras regiões brasileiras, além de diversificar os produtos. Uma das estratégias é ampliar a venda de pisco, que também pode ser usado para fazer caipirinha, dizem os chilenos.

"Nossa primeira estratégia é ampliar a oferta de produtos. O Chile tem produtos muito consolidados no mercado brasileiro, o vinho, o salmão, a fruta. Vamos ampliar a cesta", diz Sebastián Depolo, embaixador do Chile no Brasil, à EXAME.

"A segunda estratégia é diversificar as regiões e estados onde temos presença. São Paulo, Rio de Janeiro e o Sul são muito importantes, mas estamos trabalhando também nos estados do Nordeste e Centro-Oeste. Estamos trabalhando com os estados, como o da Bahia e de Goiás, particularmente. Temos ainda a estratégia do corredor bioceânico, um corredor que vai unir os portos do Norte do Chile a Campo Grande (Mato Grosso do Sul). Estamos ainda buscando ter mais interações com os empresários para ajudar a encontrar distribuidores dentro do Brasil", prossegue Depolo.

Outra frente que o Chile quer explorar é a oferta de serviços especializados de mineração, especialmente para Minas Gerais. O Chile é um dos principais países do mundo no setor de extração mineral. "Temos mais de 20 empresas chilenas que possuem soluções de tecnologia em mineração que podem oferecer ao Brasil", diz o embaixador.

As exportações chilenas ao Brasil somaram US$ 4,3 bilhões em 2023, segundo dados da ProChile, entidade que busca estimular negócios com o país. Este volume cresceu 418% desde 2003, e o Brasil hoje é o terceiro maior destino das exportações chilenas.

O Chile vende ao Brasil, além de cobre e lítio, salmão e truta (US$ 631 milhões exportados em 2023), maçãs frescas (US$ 82 milhões), vinhos (US$ 58 milhões) e azeite (US$ 35 milhões).

Em agosto deste ano, Brasil e Chile assinaram um acordo para ampliar negócios envolvendo produtos agrícolas, durante uma visita do presidente Lula a Santiago.

"Piscorinha"

Na cesta de produtos exportados, o Chile quer que o pisco ganhe espaço. A bebida é um destilado feito a partir das uvas. Entre janeiro e agosto deste ano, o Chile exportou US$ 62 mil em pisco ao Brasil.

"Hoje temos quatro marcas de pisco chileno no Brasil. Esperamos poder dobrar ou triplicar isso", diz Francisco Munizaga, presidente da Associação de Produtores de Pisco do Chile.

"É preciso aprender a tomar 'piscorinha'. Queremos ter mais pisco aqui e mais cachaça lá [no Chile]", disse Esteban Valenzuela, ministro da Agricultura do Chile, em almoço no evento ChileWeek, que reúne empresários e autoridades dos dois países nesta semana em São Paulo e em outras cidades brasileiras.

Ainda entre as bebidas, há planos para diversificar a oferta de vinhos chilenos no Brasil, com rótulos de menor gradação alcóolica e bebidas mais atraentes para o público jovem.

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