Piñera: "queremos acabar com o lucro, avançar com um sistema de ensino público de qualidade, com acesso equitativo, democrático e gratuito para garantir o direito à educação" (Bertrand Langlois/AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 08h39.
Santiago - O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou na noite desta terça-feira um Grande Acordo Nacional para a Educação, que inclui um fundo de 4 bilhões de dólares, após os protestos estudantis que sacudiram o país.
"Já é hora de acabar com as ocupações e os protestos e de recuperar os caminhos do diálogo. Por esta razão, proponho a todos os chilenos e chilenas um Grande Acordo Nacional pela Educação."
Piñera anunciou o acordo, chamado de "GANE", em rede nacional de rádio e TV.
Os principais objetivos da medida "são melhorar a qualidade, o acesso e o financiamento do Ensino Superior", atualmente com cerca de um milhão de estudantes, que em sua maioria pagam os estudos com empréstimos privados.
"Não queremos que o sonho de um filho formado seja o pesadelo financeiro para seus pais ou um fardo para os novos profissionais", assinalou o presidente.
Os 4 bilhões de dólares do Fundo para a Educação procederão do orçamento fiscal, do Fundo de Estabilização Econômica e Social e dos excedentes do cobre.
Piñera anunciou ainda um aumento de 70 mil para 120 mil do número de bolsas no ensino técnico, além da redução dos juros do crédito educativo, dos atuais 6% para 4%.
O presidente também propôs "melhorar os sistemas de admissão, formação e fiscalização do ensino universitário", para responder a outra exigência dos estudantes: melhorar a qualidade e fiscalizar para que as universidades não obtenham lucro, como prevê a lei.
Mas o presidente negou qualquer plano para estatizar a educação: "Há alguns que defendem a total estatização da educação no Chile, mas acreditamos que isto constitui um grave erro e prejudica profundamente tanto a qualidade como a liberdade de ensino".
As propostas de Piñera serão debatidas agora pelo Congresso, controlado pelos governistas.
Após o anúncio do acordo, estudantes "decepcionados" protestaram diante do ministério da Educação, enquanto o sindicato de professores manifestava sua "apreensão" com a proposta, qualificada de "pouco clara".
"Queremos acabar com o lucro, avançar com um sistema de ensino público de qualidade, com acesso equitativo, democrático e gratuito para garantir o direito à educação", disse a líder estudantil Camila Vallejos.
A estudante confirmou a greve geral na Educação convocada para o próximo dia 14 de julho.
Na quinta-feira passada, ao menos 80 mil pessoas ocuparam as ruas de Santiago para exigir melhorias na educação pública do Chile, num dos maiores protestos dos últimos 20 anos.
A manifestação terminou com violentos choques com a polícia e dezenas de detidos.