Mundo

Chefe dos Guardiães da Revolução do Irã esbofeteou Ahmadinejad

Segundo telegramas revelados pelo WikiLeaks, agressão ocorreu por conta das repercussões das controvertidas eleições de junho de 2009

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã: povo se sente asfixiado (Chris McGrath/Getty Images)

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã: povo se sente asfixiado (Chris McGrath/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 07h02.

Madri - O chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Ali Jafari, esbofeteou o presidente, Mahmoud Ahmadinejad, em uma acalorada discussão no Conselho Supremo de Segurança Nacional de janeiro de 2010 pelas repercussões das controvertidas eleições de junho de 2009, informa "El País".

A publicação madrilenha revela nesta quinta-feira o conteúdo de um vazamento da embaixada americana em Baku (Azerbaijão) de 11 de fevereiro de 2010 obtido pelo WikiLeaks, no qual o diplomata americano Rob Garverick informa as informações que obteve com uma fonte iraniana que teve a identidade preservada.

Segundo o periódico, o escritório diplomático do Azerbaijão, um dos pontos de observação americano do Irã, aponta que os demais presentes à reunião foram surpreendidos pela "postura surpreendentemente liberal" do líder iraniano.

Ahmadinejad sustentou, de acordo com a fonte iraniana, que "o povo se sente asfixiado" e apostou, para enfrentar os protestos e manifestações de descontentamento social, por uma maior permissividade e tolerância, "incluindo uma maior liberdade de imprensa".

Esta versão sustenta que as considerações de Ahmadinejad enfureceram o chefe dos "Pasdaran" (Guarda Revolucionária) quem teria exclamado "estás errado. És tu quem criou este caso. E em cima disso dizes que devemos dar maior liberdade à imprensa?".

O tumulto motivou a suspensão da reunião, que nunca foi retomada, embora duas semanas depois o aiatolá Janati (presidente do Conselho de Guardiães) intermediou para apaziguar os ânimos entre Jafari e Ahmadinejad.

Segundo a fonte informante, alguns blogs do Irã comentaram a suspensão da reunião do Conselho Supremo, mas não dos extremos do enfrentamento.

O diplomata americano, que aprova a solvência de sua fonte a partir do "amplo espectro de contatos políticos e governamentais" e a precisão de suas informações anteriores, esclarece que ambos os dirigentes mantiveram novos enfrentamentos mediante "manobras em vários subgrupos".

Os "pasdaranes" ou guardiães da revolução islâmica dispõem de suas próprias tropas terrestres, meios aéreos e navais, contam com melhores equipes e respondem diretamente diante ao líder supremo da revolução, Ali Khameneí.

A Guarda Revolucionária recorreu aos milicianos islâmicos "Basij" para sufocar os protestos populares que seguiram à proclamação dos resultados das eleições presidenciais, denunciadas como fraudulentas pelos opositores.

Com base em alguns informantes dos diplomáticos americanos no Azerbaijão, as eleições marcaram um antes e um depois na história do país, ao afetar à credibilidade do líder máximo da revolução islâmica, o aiatolá Ali Khanenei.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDiplomaciaIrã - PaísWikiLeaks

Mais de Mundo

Grécia adota semana de 6 dias de trabalho por falta de mão de obra qualificada

Deputado democrata defende que Biden abandone campanha

Trump consegue adiar sentença por condenação envolvendo suborno a ex-atriz pornô

OMS lança 1ª diretriz para quem pretende parar de fumar; veja as recomendações

Mais na Exame