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Chefe da inteligência argentina acusa lobista de falso testemunho

A denúncia contra Meirelles, ex-sócio de Alberto Youssef e um dos primeiros delatores da Lava Jato, foi apresentada pelos advogados de Arribas hoje

Argentina: na semana passada, o lobista reafirmou à Justiça argentina em uma videoconferência que a Odebrecht pagou propinas no país (Reprodução/Thinkstock)
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EFE

Publicado em 15 de maio de 2017 às 21h21.

Buenos Aires - O diretor da Agência Federal de Inteligência da Argentina , Gustavo Arribas, afirmou nesta segunda-feira que o lobista brasileiro Leonardo Meirelles, condenado na operação Lava Jato , cometeu crime de falso testemunho ao acusá-lo de receber US$ 850 mil em propinas.

A denúncia contra Meirelles, ex-sócio de Alberto Youssef e um dos primeiros delatores da Lava Jato, foi apresentada pelos advogados de Arribas hoje e recebida pelo juiz federal Claudio Bonadio, informaram fontes da Justiça argentina à "Télam", agência estatal de notícias do país.

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Na semana passada, o lobista reafirmou à Justiça argentina em uma videoconferência que a Odebrecht pagou propinas no país e que realizou uma transferência de US$ 850 mil ao titular da Agência Federal de Inteligência pouco antes de ele assumir o cargo.

"Tenho dito reiteradamente que Meirelles mente e que só recebi uma transferência bancária", disse Arribas na denúncia entregue ao juiz Claudio Bonadio, admitindo ter recebido apenas US$ 70,5 mil do lobista pela venda de um imóvel.

No fim de março, o juiz federal Rodolfo Canicoba tinha arquivado as denúncias contra Arribas ao entender que "se pretendia investigar um fato, sem aparência de crime, ocorrido no Brasil, e para qual o tribunal carece de jurisdição".

Canicoba não aceitou os argumentos do promotor federal Federico Delgado, que tinha pedido em janeiro a abertura de uma investigação contra Arribas por causa de uma denúncia publicada no jornal "La Nación". Segundo a reportagem, o titular da agência de inteligência teria recebido um pagamento de US$ 600 mil em 2013.

No entanto, a Procuradoria de Investigações Administrativas, comandada pelo promotor Sergio Rodríguez, entrou com um recurso em maio para impedir que o caso contra Arribas fosse fechado.

De acordo com o "La Nación", Meirelles repassou ao menos US$ 600 mil em várias transações para uma conta pertencente a Arribas na Suíça.

O dinheiro teria saído de uma empresa de fachada controlada pelo brasileiro e usada para pagamentos de propinas, lavagem de dinheiro e evasão fiscal, de acordo com Delgado.

A denúncia relaciona essas transferências com uma licitação para obras de soterramento de uma ferrovia de Buenos Aires em 2008, durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner, que era realizada por um consórcio formado pela Odebrecht e outras três empresas, a argentina IEACS, a espanhola Comsa e a italiana Ghella.

As transferências foram feitas menos de um mês depois de as construtoras terem começado a executar a obra. Por isso, segundo a denúncia, os pagamentos poderiam ser relativos a uma operação de inteligência para impulsionar a obra através de propina.

Arribas negou ter tido qualquer relação com a Odebrecht. O chefe da Agência Federal de Inteligência admitiu apenas ter recebido US$ 70,5 mil pela venda de um imóvel.

Além disso, Arribas afirmou que não escolheu Meirelles como responsável para efetuar o pagamento pelo imóvel. A opção teria sido feita pelo comprador da casa da qual ele se desfez.

Arribas foi um dos fundadores da Haz Sport Agency, uma empresa que gerencia a carreira de jogadores de futebol. Ele assumiu o cargo na Agência Federal de Inteligência em dezembro de 2015, quando o presidente da Argentina, Mauricio Macri, chegou ao poder.

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