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Centenas de migrantes entram na Espanha ao ultrapassar barreira

Uma vez em território espanhol, os migrantes têm o direito de apresentar um pedido de asilo e de se instalar na União Europeia se forem aceitos

Migrantes: a tentativa anterior de entrada em massa aconteceu na noite de Ano Novo (Jesus Moron/Reuters)

Migrantes: a tentativa anterior de entrada em massa aconteceu na noite de Ano Novo (Jesus Moron/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 11h20.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2017 às 13h29.

Centenas de migrantes conseguiram ultrapassar nesta sexta-feira a fronteira entre Espanha e Marrocos no enclave de Ceuta, no momento em que Rabat ameaça relaxar seu controle migratório caso as disputas agrícolas com a União Europeia não sejam solucionadas.

A guarda civil espanhola declarou à AFP que "várias centenas" de migrantes entraram neste enclave espanhol no norte da África, alguns dos quais ficaram feridos.

Três membros das forças de ordem também sofreram ferimentos ao tentar impedir esta entrada em massa, segundo um porta-voz da guarda civil.

As imagens divulgadas pelo serviço televisivo do jornal local El Faro de Ceuta mostram grupos de dezenas de migrantes andando eufóricos pelas ruas do enclave, situado às margens do Mediterrâneo.

"I love you mamma"

"I love you mamma, viva Espanha", gritava um jovem africano sem camisa e envolvido em uma bandeira europeia.

"Liberdade, liberdade!", gritava outro com a bandeira da Espanha amarrada no pescoço.

Uma vez em território espanhol, os migrantes têm o direito de apresentar um pedido de asilo e de se instalar na União Europeia se forem aceitos.

Os serviços de emergência afirmaram no Twitter que a Cruz Vermelha estava atendendo na manhã desta sexta-feira 400 pessoas, acolhidas no centro de retenção administrativa de Ceuta.

Esta entrada em massa, uma das mais importantes desde que a cerca fronteiriça foi reforçada, em 2005, ocorre em meio às disputas entre Marrocos e União Europeia pela interpretação de um acordo de livre comércio sobre os produtos agrícolas e a pesca.

No fim de 2016, o Tribunal de Justiça da UE estimou que no Saara Ocidental, antiga colônia espanhola controlada por Rabat, este acordo não era aplicável levando-se em conta o status separado e distinto deste território em relação ao Reino do Marrocos reconhecido pelas Nações Unidas.

Desde então, associações que apoiam a Frente Polisário, que pede a independência do Saara Ocidental, protestam contra as operações comerciais entre o Marrocos e os países europeus que atingem produtos provenientes do Saara.

O Marrocos manifestou seu mal-estar e ameaça relaxar a vigilância de suas fronteiras.

O ministério marroquino da Agricultura advertiu no dia 6 de fevereiro que a Europa corria "um verdadeiro risco de reativação dos fluxos migratórios que o Marrocos, com base em um esforço sustentado, conseguiu administrar e conter".

"Agora é preciso que as coisas sejam claras, sinceras, sobre o futuro que queremos desenvolver entre Marrocos e UE", declarou no início de fevereiro à AFP o ministro da Agricultura e Pesca marroquino, Aziz Akhannouch.

"Temos um acordo de livre comércio, uma cooperação benéfica para os dois (...) Infelizmente, há zonas de incerteza", lamentou.

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