Mundo

Censura chinesa varre comentários a favor de opositor

Autoridades permitiram que fóruns de internet e redes sociais comentem caso, mas só passam pelo filtro as opiniões contrárias ao ex-líder comunista deposto

Weibo, o Twitter chinês: julgamento de opositor foi anunciado no microblog e milhares de comentários responderam, mas todos contra o réu (Getty Images)

Weibo, o Twitter chinês: julgamento de opositor foi anunciado no microblog e milhares de comentários responderam, mas todos contra o réu (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 09h58.

Pequim - Desde que em 18 de agosto foi anunciado o julgamento a Bo Xilai, as autoridades chinesas permitiram, após meses de censura a um tema ainda tabu, que fóruns de internet e redes sociais comentem o caso, mas só passam pelo filtro as opiniões contrárias ao ex-líder comunista deposto.

O julgamento foi anunciado em um microblog do Weibo (o "Twitter chinês") por uma conta do Tribunal de Jinan especificamente criada para dar a notícia, e milhares de comentários responderam, mas todos contra Bo, apesar de durante anos ter sido um dos políticos mais carismáticos e populares do país.

"Bo Xilai era um pequeno Mussolini", diz, por exemplo, um famoso blogueiro chinês, que sob o pseudônimo de "O Mestre Mesquinho" tem mais de 1 milhão de seguidores.

"Se Bo cometeu os crimes dos quais é acusado (desvio de dinheiro, suborno e abuso de poder) deve receber uma pena rigorosa, porque a sentença deve passar pelo teste do povo e da História", opina outro popular comentarista na rede, o escritor e historiador Lu Qi.

O site "Offbeat China", que analisa as tendências da rede chinesa, ressalta que os comentários que o governo permite que sejam publicados sobre o caso, após meses em que houve quase silêncio total nos veículos de imprensa, são ou ataques a Bo ou elogios ao governo por julgar a um peso pesado da política nacional.


O "Offbeat China" considera suspeito que muitos comentaristas nos fóruns sobre o tema deixam opiniões repetidas várias vezes e em diferentes fóruns, o que evidência certo afã propagandístico.

Pode se tratar, ressalta, do chamado "exército aquático de internet", que é chamado assim por "inundar" as redes com opiniões quase sempre pró-governo.

Apesar dos esforços de censura, alguns comentaristas conseguiram deixar críticas veladas ao sistema político da República Popular, onde segundo eles a corrupção é a norma.

Um internauta que assina "Xiao Bai", comentou que na China é comum dizer ou pensar que alguém "pode ser um pouco corrupto quando além disso trabalhar para o povo", porque "é melhor isso do que não fazer nada".

O bloqueio das opiniões críticas com o julgamento ou a favor de Bo, foi lamentado, em outros fóruns, por internautas como um que, sob a assinatura "Xiaojigua Guizi" afirma que "é impressionante ver o uniformes que são os comentários, parece que estejamos no desfile militar do Dia Nacional".

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetInternetOposição políticaRedes sociaisTwitter

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia