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Catalunha convocará referendo 'com ou sem autorização'

Mas propôs uma reunião entre os partidos catalães para definir esse processo

Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona: a Catalunha teve um déficit público de 3,9% em 2011, contribuindo a 8,9% do total do país contra 6% previsto (©AFP / Josep Lago)

Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona: a Catalunha teve um déficit público de 3,9% em 2011, contribuindo a 8,9% do total do país contra 6% previsto (©AFP / Josep Lago)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 21h08.

Barcelona - O presidente da Catalunha, Artur Mas, anunciou nesta quarta-feira que impulsionará uma consulta popular nesta comunidade autônoma, situada no nordeste da Espanha, para saber se a população é a favor ou não da independência, embora o governo espanhol não autorize este tipo de ação.

Em seu discurso no Parlamento regional, após ter anunciado ontem a antecipação das eleições para o dia 25 de novembro - antes prevista para 2014 -, Mas propôs uma reunião entre os partidos catalães para definir esse processo. Segundo o próprio presidente regional, esse tema deverá ser discutido logo após o próximo pleito.

''Se (a consulta) pode ser feita pela via do referendo porque o governo espanhol deve autorizar?'', indagou Mas. ''Melhor. Se o Governo dá as costas e não autoriza nenhum tipo de referendo e nem de consulta é preciso fazê-lo igualmente'', completou.

Além de defender o referendo, o presidente catalão rejeitou as acusações de ''ambiguidade'' em seus propósitos feitas pelos demais partidos, que acusam Mas de não ser claro em seus fins e de ter somente interesses eleitorais.

A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmou hoje que a decisão de convocar eleições na Catalunha a médio prazo é ''um fracasso de primeira ordem'' das autoridades regionais da coalizão Convergência e União (CiU, centro-direita nacionalista).

Nesta quarta, Soraya manteve um encontro no Congresso dos Deputados, em Madri, com o porta-voz adjunto dessa coalizão na câmara Baixa espanhola, Josep Sánchez Llibre.

Segundo fontes do Executivo espanhol, a vice-primeira-ministra afirmou ao deputado catalão que a antecipação eleitoral, além disso, representa ''transferir aos cidadãos'' o que o governo regional não quis tramitar.


O Partido Socialista da Catalunha (PSC), uma das forças mais votadas nas eleições desta comunidade autônoma, pediu hoje no Parlamento que os catalães possam votar em um referendo legal qualquer mudança de relação com o Estado espanhol.

O presidente do grupo parlamentar do PSC, Xavier Sabaté, reprovou a gestão do governo regional de Mas e considerou a antecipação eleitoral ''interessada e partidária'', afirmando que a medida por levar à Catalunha a uma ''aventura''.

Em relação à postura ''rupturista'' de Mas, Sabaté disse que os socialistas propõem uma reforma da Constituição para que o modelo de Estado evolua em direção a um sistema federal.

Já a líder do PP na Catalunha, Alicia Sánchez-Camacho, acusou Artur Mas de querer enganar os catalães com a tática de antecipar as eleições para conseguir uma maioria absoluta.

''Os eleitores têm que saber que a CiU quer levá-los a um Estado próprio e independente e, se não tiverem isso bem claro, estarão sendo enganados'', ressaltou Alicia.

O anúncio da antecipação eleitoral realizado por Mas ocorre em um momento no qual Catalunha, como o resto da Espanha, sofre as consequências de uma profunda crise econômica, representada por um grande aumento do desemprego e por drásticos cortes sociais.

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