Mundo

Cardeais preferem preparar conclave de forma "séria"

O total de cardeais eleitores é de 115, por isso só faltam chegar a Roma dois, o de Varsóvia, Kazimierz Nycz, e o vietnamita Jean-Baptiste Pham Minh Mân, que chegarão até amanhã


	Cardeais: após três dias de reuniões preparatórias, todos os olhares se voltarão à data do conclave.
 (AFP)

Cardeais: após três dias de reuniões preparatórias, todos os olhares se voltarão à data do conclave. (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Cidade do Vaticano - O Colégio Cardinalício "não tem pressa" de marcar a data de início do conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI e prefere prepará-lo de forma "séria e em profundidade" antes que convocá-lo precipitadamente, o que alguns cardeais não entenderiam.

Essa afirmação foi feita nesta quarta-feira pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, após a realização da quarta reunião geral de cardeais preparatória para o conclave, da qual participaram 153 dos 207 membros do Colégio Cardinalício, sendo 113 deles eleitores, ou seja, menores de 80 anos e que são os que podem escolher o papa.

O total de cardeais eleitores é de 115, por isso só faltam chegar a Roma dois, o de Varsóvia, Kazimierz Nycz, e o vietnamita Jean-Baptiste Pham Minh Mân, que chegarão até amanhã.

Após três dias de reuniões preparatórias, todos os olhares se voltarão à data do conclave.

"No Colégio há uma grande vontade de preparação séria, profunda e sem pressa. Talvez por isso não pareceu oportuno cogitar a data do conclave, o que poderia fazer boa parte do Colégio sentir como algo forçado em sua dinâmica de discernimento. Também é preciso levar em conta que faltam ainda alguns cardeais e seria uma mostra de respeito a eles esperar até que o Colégio esteja completo", disse Lombardi.

Na mesma linha se mostrou também hoje o cardeal alemão Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, que em entrevista à imprensa italiana disse que a situação "é diferente da de 2005", quando foi eleito Joseph Ratzinger, favorito desde o princípio .


"Este conclave deve ser preparado com calma. Os cardeais quase não nos conhecemos. Não há pressa", afirmou Kasper, que acrescentou que a cúria vaticana tem que ser reformada e que, "além" do escândalo Vatileaks (publicação de documentos que revelaram intrigas e confrontos no pequeno estado), essa reforma é "prioritária", já que "falta diálogo interno, os dicastérios (ministérios) não se falam e não há comunicação".

Na quarta reunião se pronunciaram 18 cardeais sobre temas como a Igreja no mundo atual e as necessidades da nova evangelização, a Santa Sé e seus dicastérios e suas relações com os episcopados e expectativas e perfil do futuro papa.

Nestes dias de reuniões, os cardeais norte-americanos organizaram encontros com a imprensa, que hoje foram cancelados pelo Vaticano.

Lombardi disse que as reuniões não são "um sínodo nem um congresso" sobre os quais se tenta dar a mais ampla informação possível, mas "um caminho conjunto de amadurecimento para chegar à decisão de escolher o pontífice romano".

"A tradição deste caminho é a de reserva para tutelar a liberdade de reflexão de cada um dos membros do Colégio Cardinalício que têm que tomar uma decisão tão importante", afirmou.

Hoje, a Rede de Sobreviventes de Pessoas que sofreram abusos por Sacerdotes (SNAP), um associação americana, divulgou em Roma uma "lista" de 12 cardeais que, segundo a mesma, não devem ser considerados "papáveis".

Esta rede considera que eles não combateram com o suficiente rigor os abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores, tiraram importância dos casos, se negaram a fazer reuniões com as vítimas e criticaram as investigações jornalísticas.


Segundo Barbara Doris e David Clohessy, da Snap, não devem ser considerados papáveis o mexicano Norberto Rivera Carrera, o hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, os americanos Timothy Dolan (Nova York), Donald Wuerl (Washington) e Sean O"Malley (Boston), e o argentino Leonardo Sandri.

Também não deveriam ser escolhidos os italianos Angelo Scola (Milão) ou Tarcisio Bertone (camerlengo), o australiano George Pell, o tcheco Dominik Duka, o canadense Marc Ouellet e o ganês Peter Turkson (Gana).

Doris e Clossy afirmaram que os outros cardeais devem perguntar aos 12, "sem medo", sobre a verdade e para colocá-los "sob pressão".

Lombardi disse que a Igreja conhece a posição da Snap "há muito tempo" e que não corresponde a esta associação "dizer quem deve entrar no conclave ou qualificar os cardeais que se reúnem".

Acompanhe tudo sobre:Bento XVIPaíses ricosPapasReligiãoVaticano

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal