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Canadá perde prestígio internacional em ano para se esquecer

O ano se iniciou com bons augúrios para o governo do primeiro-ministro conservador, Stephen Harper, mas a situação piorou antes de acabar fevereiro

Stephen Harper: antes de acabar fevereiro, o primeiro-ministro conservador teve que enfrentar um escândalo no Senado que arrastou penosamente durante todo 2013 (Ben Nelms/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2013 às 13h11.

Toronto (Canadá) - O Canadá , um país em geral admirado por seu modelo político, seu êxito econômico e seus avanços sociais teve em 2013 um "annus horribilis" por uma série de escândalos e controvérsias políticas que prejudicaram sua imagem internacional.

O ano se iniciou com bons augúrios para o governo do primeiro-ministro conservador, Stephen Harper: o país, que escapou quase sem um arranhão da grande crise econômica mundial de 2008, ao contrário de seus principais parceiros ocidentais, seguia gerando emprego e crescimento.

Eram boas notícias para Harper, que quer disputar as próximas eleições gerais, em 2015, sem o multimilionário déficit fiscal que o país acumulou para enfrentar a recessão mundial.

Mas, antes de acabar fevereiro, Harper teve que enfrentar um escândalo no Senado que arrastou penosamente durante todo 2013, afetando tanto sua imagem pessoal como a do Canadá e suas instituições.

O problema, que se iniciou com as atividades fraudulentas de três destacados senadores nomeados pessoalmente por Harper para a câmara alta do Parlamento, terminou com uma investigação policial, ainda em andamento, e com a demissão do braço direito do primeiro-ministro, seu chefe de gabinete, Nigel Wright.

O escândalo, ainda aberto, já afeta mais de uma dúzia de destacados conservadores e subordinados de Harper e provocou a queda do Partido Conservador nas enquetes, além de questionar os princípios éticos do governo.

Paralelamente, o Partido Conservador está sob suspeita por incidentes sucedidos nas eleições gerais de 2011 durante as quais, segundo denúncias de eleitores e organizações sociais, milhares de pessoas não puderam votar após receber informação falsa sobre onde tinham que depositar seu voto.


A polícia, que também está investigando os fatos de 2011, identificou como centro de uma dessas operações contra o direito de voto os escritórios de um candidato conservador, agora deputado, e a principal ferramenta para a fraude, um potente software do próprio partido.

Para muitos, só a ideia que no Canadá possa existir um plano para evitar que milhares de pessoas votem sem obstáculos é um grave insulto à tradição eleitoral e democrática do país e mancha sua estatura moral na comunidade internacional.

O mesmo se pode dizer da decisão de Harper de retirar o Canadá do Protocolo de Kioto para lutar contra as emissões de gases do efeito estufa.

A inusitada retirada, que transformou o Canadá no único país do mundo que ratificou Kioto e que posteriormente cancelou seus compromissos internacionais, se materializou em dezembro de 2012, mas seus efeitos só foram sentidos durante 2013.

Praticamente em cada fórum internacional sobre a mudança climática realizado em 2013, o Canadá foi ridicularizado por sua decisão e marginalizado.

O governo justificou sua decisão na alegação de que assim poderá desenvolver sem dificuldades as reservas de petróleo na província de Alberta, uma das maiores do mundo, mas que estão em forma de areia betuminosa, o que torna sua extração especialmente danosa para o meio ambiente.

Além disso, pelo menos outros três escândalos danificaram a imagem do Canadá como país de lei e ordem.

Em Québec, uma comissão de investigação pública descobriu estreitas conexões entre o setor da construção, os governos municipais e a máfia para a consecução de contratos de infraestrutura e o financiamento ilegal de partidos.

E uma das principais companhias de engenharia do país, a SNC-Lavalin, foi vinculada pela polícia e organismos internacionais com subornos a governantes em países em desenvolvimento para conseguir contratos, inclusive a família do falecido ditador líbio Muammar Kadafi quando estava no poder.


Mas talvez o golpe fatal à imagem do Canadá foi dado por Rob Ford, prefeito da maior cidade, Toronto, a capital política do país e uma das maiores metrópoles da América do Norte.

Ford, um político populista conservador com estreitos laços com o governo de Harper, se transformou em uma piada nacional e internacional por seu comportamento estrambólico, suas forçadas admissões de consumo de crack e maconha, e seus vínculos com traficantes de armas e drogas de Toronto.

Tud isso registrado em vídeos e fotografias, materiais que em alguns casos foram divulgados e em outros estão ainda nas mãos da polícia.

Talvez o mais prejudicial para o país e a cidade é que, apesar de todas as provas contra Ford e as próprias admissões do prefeito de Toronto, as autoridades não apresentaram acusações contra o político.

Com tudo isto, não é de estranhar que em dezembro a prestigiada revista "The Economist", que há uma década declarou o Canadá como um modelo político, social e econômico, se tenha visto obrigada a retirar sua qualificação do país americano.

"Se o Canadá for emocionante em 2014 o será pelas razões equivocadas", sentenciou a publicação.

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Toronto (Canadá) - O Canadá , um país em geral admirado por seu modelo político, seu êxito econômico e seus avanços sociais teve em 2013 um "annus horribilis" por uma série de escândalos e controvérsias políticas que prejudicaram sua imagem internacional.

O ano se iniciou com bons augúrios para o governo do primeiro-ministro conservador, Stephen Harper: o país, que escapou quase sem um arranhão da grande crise econômica mundial de 2008, ao contrário de seus principais parceiros ocidentais, seguia gerando emprego e crescimento.

Eram boas notícias para Harper, que quer disputar as próximas eleições gerais, em 2015, sem o multimilionário déficit fiscal que o país acumulou para enfrentar a recessão mundial.

Mas, antes de acabar fevereiro, Harper teve que enfrentar um escândalo no Senado que arrastou penosamente durante todo 2013, afetando tanto sua imagem pessoal como a do Canadá e suas instituições.

O problema, que se iniciou com as atividades fraudulentas de três destacados senadores nomeados pessoalmente por Harper para a câmara alta do Parlamento, terminou com uma investigação policial, ainda em andamento, e com a demissão do braço direito do primeiro-ministro, seu chefe de gabinete, Nigel Wright.

O escândalo, ainda aberto, já afeta mais de uma dúzia de destacados conservadores e subordinados de Harper e provocou a queda do Partido Conservador nas enquetes, além de questionar os princípios éticos do governo.

Paralelamente, o Partido Conservador está sob suspeita por incidentes sucedidos nas eleições gerais de 2011 durante as quais, segundo denúncias de eleitores e organizações sociais, milhares de pessoas não puderam votar após receber informação falsa sobre onde tinham que depositar seu voto.


A polícia, que também está investigando os fatos de 2011, identificou como centro de uma dessas operações contra o direito de voto os escritórios de um candidato conservador, agora deputado, e a principal ferramenta para a fraude, um potente software do próprio partido.

Para muitos, só a ideia que no Canadá possa existir um plano para evitar que milhares de pessoas votem sem obstáculos é um grave insulto à tradição eleitoral e democrática do país e mancha sua estatura moral na comunidade internacional.

O mesmo se pode dizer da decisão de Harper de retirar o Canadá do Protocolo de Kioto para lutar contra as emissões de gases do efeito estufa.

A inusitada retirada, que transformou o Canadá no único país do mundo que ratificou Kioto e que posteriormente cancelou seus compromissos internacionais, se materializou em dezembro de 2012, mas seus efeitos só foram sentidos durante 2013.

Praticamente em cada fórum internacional sobre a mudança climática realizado em 2013, o Canadá foi ridicularizado por sua decisão e marginalizado.

O governo justificou sua decisão na alegação de que assim poderá desenvolver sem dificuldades as reservas de petróleo na província de Alberta, uma das maiores do mundo, mas que estão em forma de areia betuminosa, o que torna sua extração especialmente danosa para o meio ambiente.

Além disso, pelo menos outros três escândalos danificaram a imagem do Canadá como país de lei e ordem.

Em Québec, uma comissão de investigação pública descobriu estreitas conexões entre o setor da construção, os governos municipais e a máfia para a consecução de contratos de infraestrutura e o financiamento ilegal de partidos.

E uma das principais companhias de engenharia do país, a SNC-Lavalin, foi vinculada pela polícia e organismos internacionais com subornos a governantes em países em desenvolvimento para conseguir contratos, inclusive a família do falecido ditador líbio Muammar Kadafi quando estava no poder.


Mas talvez o golpe fatal à imagem do Canadá foi dado por Rob Ford, prefeito da maior cidade, Toronto, a capital política do país e uma das maiores metrópoles da América do Norte.

Ford, um político populista conservador com estreitos laços com o governo de Harper, se transformou em uma piada nacional e internacional por seu comportamento estrambólico, suas forçadas admissões de consumo de crack e maconha, e seus vínculos com traficantes de armas e drogas de Toronto.

Tud isso registrado em vídeos e fotografias, materiais que em alguns casos foram divulgados e em outros estão ainda nas mãos da polícia.

Talvez o mais prejudicial para o país e a cidade é que, apesar de todas as provas contra Ford e as próprias admissões do prefeito de Toronto, as autoridades não apresentaram acusações contra o político.

Com tudo isto, não é de estranhar que em dezembro a prestigiada revista "The Economist", que há uma década declarou o Canadá como um modelo político, social e econômico, se tenha visto obrigada a retirar sua qualificação do país americano.

"Se o Canadá for emocionante em 2014 o será pelas razões equivocadas", sentenciou a publicação.

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