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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Brasília - A temporada de busca por doações começou oficialmente na atual corrida presidencial, mas o volume de arredacadação ainda está abaixo do esperado por conta do cenário de empate técnico entre os dois principais candidatos, calculam PT e PSDB nos bastidores.
Para custear a eleição mais cara da história, os arrecadadores de cada time estão atrás de empreiteiras e bancos, tradicionais financiadores de eleições no país.
"Os empresários ficam aguardando as pesquisas de intenção de voto para decidir onde investir. A indefinição do quadro posterga as doações. O problema é que as campanhas não podem ser postergadas", disse à Reuters o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Será preciso recolher muito dinheiro para honrar as previsões de gasto deste ano.
O tucano José Serra fixou um teto de despesas em 180 milhões de reais e nomeou dois responsáveis formais para administrar as contas. Sua adversária petista, Dilma Rousseff, com gastos previstos em 157 milhões de reais, também indicou seus auxiliares.
Para a função, Serra convidou o ex-ministro da Justiça José Gregori, encarregado legal das contas da campanha. A seu lado está Luis Sobral, militante tucano há 12 anos, hoje na função de tesoureiro.
Já Dilma escolheu José de Fillipi Junior, ex-prefeito de Diadema, que já havia sido tesoureiro da campanha de Lula em 2006. O Tribunal de Contas do Estado anunciou na terça-feira ter rejeitado as contas do município de 2008, quando comandava a cidade.
Nas eleições de 2006, Geraldo Alckmin (PSDB) declarou dispêndios de 79 milhões de reais, enquanto Lula, de 91 milhões de reais.
Escândalos
O controle das finanças é o coração da campanha. É do comitê financeiro de onde sai o sustento da candidatura. Alguns escândalos emblemáticos também vieram de lá.
Dois casos famosos são o "esquema PC" e o mensalão do PT, ambos protagonizados por tesoureiros de campanha. O primeiro, com Paulo César Farias, acabou levando à queda, em 1992, do então presidente Fernando Collor de Mello. O segundo, na figura de Delúbio Soares, gerou a maior crise ética do PT, em 2005.
O PT, aliás, sofreu recentemente novas acusações de mau uso de suas finanças. O tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, era cogitado para atuar na linha de frente da campanha nacional quando o Ministério Público de São Paulo o acusou de desviar recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) para um suposto caixa dois da legenda.
Vaccari, que nega as acusações, acabou fora do comitê financeiro de Dilma Rousseff, mas permanece como um de seus arrecadadores informais, ao lado de Fillipi e do deputado Antonio Palocci (PT-SP), informou um dirigente petista sob condição do anonimato.
Ex-ministro da Fazenda, Palocci é o petista com maior trânsito no setor privado. Por essa razão, tornou-se o cartão de visita para quem deseja investir na candidata.
"As doações vão começar a esquentar entre agosto e setembro, após as empresas terem uma ideia mais clara do favorito nesta eleição", disse o dirigente petista.
Uma das razões para uma previsão tão corpulenta dos gastos este ano é a expectativa de custos elevados com publicidade, que normalmente responde por dois terços de tudo o que se gasta numa campanha presidencial.
Este ano, por exemplo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, tem uma coligação muito maior do que a de Lula em 2006. Mais tempo de TV equivale a mais dinheiro em marketing.
Campanha cara
A campanha tucana tem encontrado mais facilidade em conseguir dinheiro junto a empresários paulistas, enquanto a petista se queixa de uma certa dificuldade no Estado. A informação foi confirmada com os dois lados.
Para compensar a desvantagem, petistas estão apostando na indústria naval e no setor de energia, duas áreas que tiveram destaque nas ações do governo e também prioritárias no programa de Dilma.
A candidata era ministra de Minas e Energia quando elaborou o novo marco regulatório do setor elétrico, aproximando-se de empresários do ramo.