Exame Logo

Campanha eleitoral começa na Bolívia com Morales de olho no Senado

O ex-presidente espera conseguir uma cadeira no parlamento para retornar do seu exílio na Argentina, onde está desde que renunciou ao cargo

Evo Morales: ex-presidente não descarta possibilidade de se candidatar como parlamentar (Edgard Garrido/Reuters)
A

AFP

Publicado em 3 de fevereiro de 2020 às 19h25.

Começa nesta segunda-feira (03) a corrida eleitoral na Bolívia , liderada por candidatos do partido de Evo Morales , que, por sua vez, espera conseguir uma cadeira no Senado que lhe permita retornar do seu exílio na Argentina.

Os partidos e alianças têm até esta segunda para inscrever ante o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) seus candidatos às eleições-gerais de 3 de maio, que definirão os novos ocupantes aos cargos de presidente, vice-presidente, bem como senadores (36) e deputados (120).

Veja também

A partir "desse momento abre-se a possibilidade para que os candidatos e as alianças possam começar a se aproximar dos cidadãos e ganhar apoio", afirmou o presidente do TSE, Salvador Romero.

Após o processo eleitoral anulado no último 20 de outubro, no qual Morales havia sido eleito pela quarta vez consecutiva, o TSE tem a missão de organizar eleições transparentes.

Os sete magistrados do TSE que supervisionaram o processo estão presos, depois que uma auditoria da OEA encontrou irregularidades nas eleições que favoreceram o então presidente. Isso culminou na renúncia de Morales em 10 de novembro.

No poder há quase 14 anos, Morales enfrenta uma ordem de prisão sob acusação de "Sedição e Terrorismo". Caso consiga uma cadeira no Senado, o político ganharia imunidade parlamentar, o que lhe permitiria voltar do exílio à Bolívia.

- "Concurso de ególatras' -

O ex-presidente não pode voltar a se candidatar a esse cargo porque o seu partido, o "Movimento ao Socialismo (MAS)" indicará o ex-ministro da Economia Luis Arce, à frente das intenções de voto com 26%.

Também figuram na lista de candidatos à presidência boliviana a presidente interina Jeanine Áñez, o ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), o líder de direita Luis Fernando Camacho (que organizou os protestos que conduziram à queda de Morales), o pastor evangélico de origem coreana Chi Hyun Chung e o ex-presidente conservador Jorge Quiroga (2001-2002).

Os adversários de Morales não conseguiram encontrar um candidato único para concorrer. Eles se reuniram no último sábado para tentar entrar em um consenso, mas a reunião terminou sem um acordo. Segundo o reitor da principal universidade da Bolívia, Waldo Albarracín, os cinco candidatos parecem estar em um "concurso de ególatras".

De acordo com uma pesquisa da empresa "Mercados y Muestras", Mesa e Camacho estão empatados com 17%, seguidos de Áñez com 12%, Chi com 6% e Quiroga com 3%.

Um segundo turno está previsto para o próximo 14 de junho e o novo governo e Congresso devem assumir entre o final de junho e julho.

- "Querem impedir minha candidatura" -

O ex-presidente, de 60 anos, anunciou a sua decisão de se candidatar ao Senado pela cidade de Cochabamba, região central onde iniciou sua carreira sindical e política, além de denunciar que funcionários do governo provisório tentam impedí-lo de formalizar.

Morales conta que o seu certificado do serviço militar está com uma assessora que foi presa. Esse documento é obrigatório para a candidatura. O TSE informou que pode aceitar uma cópia.

"Quando era presidente fui detido e preso. Agora os golpistas querem impedir minha candidatura à ALP (Assembleia Legislativa Plurinacional). Não irão nos calar", escreveu no Twitter.

O advogado de Morales, Raúl Gustavo, disse ter enviado um documento à Comissão Interamericana de Direitos Humanos no último domingo no qual pede que a organização emita uma medida cautelar para garantir a oficialização da candidatura do ex-presidente.

Acompanhe tudo sobre:BolíviaEleiçõesEvo Morales

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame