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Cameron enfrenta rebelião de deputados eurocéticos

Parlamentares pressionam o primeiro-ministro a convocar um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Européia

Cameron ressaltou que a crise da Eurozona afeta todas as economias da União Europeia (Christopher Furlong/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 18h17.

Londres - Dezenas de deputados conservadores se dispõem a votar nesta segunda-feira no Parlamento a favor da convocação de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), em aberto desafio às instruções dadas pelo primeiro-ministro David Cameron.

Embora o resultado não seja vinculante e as possibilidades de vitória do "Sim" sejam remotas, diante também da oposição de liberais-democratas e trabalhistas, a votação coloca Cameron em uma posição particularmente delicada em um momento de tensão com seus sócios europeus.

Incentivados pela atual crise na Zona Euro, entre 60 e 100 dos 305 deputados "Tories" anunciaram sua intenção de desobedecer a orientação de voto do primeiro-ministro conservador e apoiar a moção levantada por uma petição assinada por 100 mil britânicos favoráveis à realização desta consulta.

Caso seja confirmada, será a maior rebelião contra um primeiro-ministro em um tema relacionado à Europa desde que 41 deputados desafiaram em 1993 o governo conservador de John Major sobre o tratado de Maastricht. Diante desta possibilidade, há indicações de que o partido tenha ameaçado os rebeldes com sanções.

Até o ministro das Relações Exteriores, William Hague, eurocético convencido, considerou antes do debate que um referendo não é a resposta adequada para a crise atual, já que poderia criar ainda "mais incerteza econômica" em um período já difícil para a economia.

"Briguei por mais referendos do que praticamente todo mundo", declarou Hague à BBC. "Mas esta proposta é a pergunta equivocada no momento equivocado", acrescentou.

"A Europa está atravessando um processo de mudança e em um caso de referendo sobre dentro ou fora (da UE) as pessoas querem saber onde vão terminar estas mudanças antes de votar", disse o ministro.


A posição britânica em relação à Europa provocou um confronto público entre Cameron e o presidente francês Nicolas Sarkozy durante a cúpula de domingo em Bruxelas, onde os líderes europeus traçaram uma estratégia para sair da crise da dívida na Eurozona.

"A crise da Eurozona afeta todas as nossas economias", declarou supostamente Cameron, manifestando seu mal-estar com a vontade crescente dos 17 países que adotaram a moeda única europeia de tomar decisões sem a outra dezena de países do bloco.

Sarkozy respondeu que estava farto de "ouvi-lo criticar" os líderes da Eurozona. "Você diz que detesta o euro, não quis adotá-lo e agora quer interferir em nossas reuniões", acusou Sarkozy, em declarações reproduzidas pela imprensa britânica.

O líder da oposição, Ed Miliband, declarou nesta segunda-feira que o primeiro-ministro está pagando o preço de suas "incursões ao euroceticismo" bem implantado na ala mais conservadora de seu partido.

"Era a pessoa que durante as eleições dizia, 'vamos renegociar toda nossa relação com a Europa'", disse em uma entrevista na BBC.

O último referendo organizado sobre a Europa no Reino Unido remonta a 1975, quando a maioria da população aprovou seu ingresso na UE.

A moção que será votada nesta segunda-feira prevê uma pergunta com três opções: a permanência do Reino Unido na UE, sua saída ou a negociação de relações mais relaxadas, baseadas no "comércio e na cooperação".

Uma pesquisa realizada pela YouGov e publicada no sábado pelo jornal Daily Express mostra que 28% dos britânicos seriam favoráveis a abandonar rapidamente a Europa e 47% a renegociar os termos da adesão.

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Londres - Dezenas de deputados conservadores se dispõem a votar nesta segunda-feira no Parlamento a favor da convocação de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), em aberto desafio às instruções dadas pelo primeiro-ministro David Cameron.

Embora o resultado não seja vinculante e as possibilidades de vitória do "Sim" sejam remotas, diante também da oposição de liberais-democratas e trabalhistas, a votação coloca Cameron em uma posição particularmente delicada em um momento de tensão com seus sócios europeus.

Incentivados pela atual crise na Zona Euro, entre 60 e 100 dos 305 deputados "Tories" anunciaram sua intenção de desobedecer a orientação de voto do primeiro-ministro conservador e apoiar a moção levantada por uma petição assinada por 100 mil britânicos favoráveis à realização desta consulta.

Caso seja confirmada, será a maior rebelião contra um primeiro-ministro em um tema relacionado à Europa desde que 41 deputados desafiaram em 1993 o governo conservador de John Major sobre o tratado de Maastricht. Diante desta possibilidade, há indicações de que o partido tenha ameaçado os rebeldes com sanções.

Até o ministro das Relações Exteriores, William Hague, eurocético convencido, considerou antes do debate que um referendo não é a resposta adequada para a crise atual, já que poderia criar ainda "mais incerteza econômica" em um período já difícil para a economia.

"Briguei por mais referendos do que praticamente todo mundo", declarou Hague à BBC. "Mas esta proposta é a pergunta equivocada no momento equivocado", acrescentou.

"A Europa está atravessando um processo de mudança e em um caso de referendo sobre dentro ou fora (da UE) as pessoas querem saber onde vão terminar estas mudanças antes de votar", disse o ministro.


A posição britânica em relação à Europa provocou um confronto público entre Cameron e o presidente francês Nicolas Sarkozy durante a cúpula de domingo em Bruxelas, onde os líderes europeus traçaram uma estratégia para sair da crise da dívida na Eurozona.

"A crise da Eurozona afeta todas as nossas economias", declarou supostamente Cameron, manifestando seu mal-estar com a vontade crescente dos 17 países que adotaram a moeda única europeia de tomar decisões sem a outra dezena de países do bloco.

Sarkozy respondeu que estava farto de "ouvi-lo criticar" os líderes da Eurozona. "Você diz que detesta o euro, não quis adotá-lo e agora quer interferir em nossas reuniões", acusou Sarkozy, em declarações reproduzidas pela imprensa britânica.

O líder da oposição, Ed Miliband, declarou nesta segunda-feira que o primeiro-ministro está pagando o preço de suas "incursões ao euroceticismo" bem implantado na ala mais conservadora de seu partido.

"Era a pessoa que durante as eleições dizia, 'vamos renegociar toda nossa relação com a Europa'", disse em uma entrevista na BBC.

O último referendo organizado sobre a Europa no Reino Unido remonta a 1975, quando a maioria da população aprovou seu ingresso na UE.

A moção que será votada nesta segunda-feira prevê uma pergunta com três opções: a permanência do Reino Unido na UE, sua saída ou a negociação de relações mais relaxadas, baseadas no "comércio e na cooperação".

Uma pesquisa realizada pela YouGov e publicada no sábado pelo jornal Daily Express mostra que 28% dos britânicos seriam favoráveis a abandonar rapidamente a Europa e 47% a renegociar os termos da adesão.

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