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Cameron apresenta ao Parlamento acordo para não sair da UE

Cameron aproveitou a oportunidade para cutucar o seu colega conservador Boris Johnson, o prefeito de Londres


	David Cameron: segundo o jornal The Times, metade dos 330 deputados conservadores darão as costas a Cameron
 (Suzanne Plunkett/REUTERS)

David Cameron: segundo o jornal The Times, metade dos 330 deputados conservadores darão as costas a Cameron (Suzanne Plunkett/REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 17h17.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertou nesta segunda-feira, no Parlamento, que a saída do Reino Unido da União Europeia prejudicará a segurança e a economia, em uma sessão que deixou visíveis as divergências entre os conservadores.

"Deixar a Europa ameaçaria a nossa economia e segurança nacional", declarou Cameron no Parlamento para convocar o referendo sobre a questão, após retornar de Bruxelas, onde obteve algumas das exigências para a permanência britânica na UE.

"Quando se trata dos empregos das pessoas, não basta dizer que tudo ficará bem da noite para o dia e que nos organizaremos", considerou o premiê, culpando os partidários do chamado 'Brexit' de não pensar nas consequências.

"Acredito que nas próximas semanas teremos que estudar atentamente as consequências econômicas que teria a saída", afirmou.

"Somos um grande país e, seja qual for a decisão que tomemos, continuaremos grandes. Mas temos que escolher entre ser maiores em uma UE reformada ou dar um salto no vazio".

Cameron aproveitou a oportunidade para cutucar o seu colega conservador Boris Johnson, o prefeito de Londres e um dos políticos mais cotados para suceder o premier, que anunciou no domingo que apoia a saída do Reino Unido.

"Não vou brigar por outro mandato, não tenho outra ambição do que conseguir o melhor para o meu país", afirmou sem mencionar Johnson, cujo posicionamento foi atribuído por muitos observadores a cálculos políticos.

Cameron respondeu a vários deputados conservadores irritados que defenderam a saída da UE, mas encontrou o apoio dos principais partidos da oposição - trabalhistas e nacionalistas escoceses - em sua defesa da permanência no bloco.

"O Partido Trabalhista e o movimento sindical são esmagadoramente a favor da permanência, porque a UE trouxe investimentos, emprego e a protecção dos trabalhadores e do meio ambiente", declarou o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn.

Segundo o jornal The Times, metade dos 330 deputados conservadores darão as costas a Cameron.

O jornal The Guardian afirma, por sua vez, que apenas os militantes conservadores de duas de suas 70 delegações locais estão a favor de continuar na UE.

Libra despenca

Em um artigo publicado nesta segunda-feira pelo The Daily Telegraph, Johnson explica que o referendo "é uma oportunidade única na vida de realizar mudanças reais" nas relações de Londres com seus vizinhos europeus.

Mas os acontecimentos das últimas 72 horas - cúpula europeia, acordo com Londres, convocatória do referendo e declarações de Johnso - impactaram a libra esterlina, que caiu a seu nível mais baixo desde 2009.

"Um embate frente a frente entre o primeiro-ministro e o prefeito de Londres (ambos do mesmo partido) causa grande preocupação no mundo dos investidores, e é por isso que tendem a deixar a libra para buscar a relativa segurança do dólar, pelo menos neste momento", explicou o analista Augustin Eden, do Accendo Markets.

Finalmente, a Comissão Europeia anunciou que não vai participar na campanha do referendo britânico, ao contrário do que fez na Grécia em julho de 2015, quando o governo grego submeteu a um voto popular o acordo para um novo resgate dos credores internacionais.

Cameron começou no sábado o desafio de convencer seus ministros e a população britânica em geral da conveniência de votar em favor da permanência do país na União Europeia, anunciando a realização do referendo em 23 de junho.

O anúncio da data marcou o início de uma campanha difícil. De acordo com pesquisas, a metade dos britânicos deseja continuar na União e a outra metade abandoná-la.

Em todo o caso, o chefe de Governo defenderá vigorosamente o "sim" e explicou que, no âmbito do acordo, o Reino Unido não terá que financiar os países da zona euro que atravessam problemas; suas empresas não serão discriminadas por não utilizarem o euro; terão novos poderes para deportar criminosos europeus que entrarem no país e poderão limitar a sete anos alguns benefícios sociais aos imigrantes.

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