O Congresso dos EUA precisa ampliar o teto da dívida até o dia 2 de agosto (Saul Loeb/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2011 às 18h11.
Santiago - Um eventual default dos Estados Unidos constitui uma grave ameaça para a América Latina e o Caribe, região que, em seu conjunto, é o segundo maior detentor de ativos americanos, depois da China, advertiram líderes políticos e analistas às Nações Unidas.
As reservas de América latina e Caribe, que ascenderam a 700 bilhões de dólares, perderão valor se o default americano provocar a queda do dólar, segundo analistas, que dizem que seu crescimento econômico também estaria ameaçado.
México, os países da América Central e Caribe seriam os mais atingidos, devido a dependência da economia americana, enquanto que, paradoxalmente, Equador e Panamá seriam os mais beneficiados, devido a dolarização de suas economias, que assim ganhariam em competitividade.
Ministros do Brasil, quarto maior detentor de títulos de dívida americana, e Chile, com seus fundos de pensão privados de alta exposição, pediram esta semana ao Congresso americano e à Casa Branca para que cheguem a um acordo e evitem o default.
Mantega pediu que eles "resolvam esta situação, porque seria muito ruim para todo o mundo que haja um 'default', uma insolvência do governo americano".
O ministro da Fazenda chileno, Hernán Larraín, afirmou que a moratória "não convém nem aos Estados Unidos nem ao mundo", mas disse que a economia chilena está preparada caso isso ocorra.
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse em uma entrevista exclusiva à AFP que um default que debilite o dólar seria conveniente para a economia de seu país, onde a moeda americana está forte e faz com que as empresas percam competitividade.
"Contudo, obviamente seria uma situação indesejável", reiterou.
O ministro da Fazenda da Colômbia, Juan Carlos Echeverri, declarou que um default dos Estados Unidos "teria graves efeitos em todo o mundo. "Várias economias seriam afetadas inevitavelmente e seria algo que fugiria das mãos do governo da Colômbia".
Os países de América do Sul esperam que se mantenha a demanda de matérias-primas na China e em outros países asiáticos para reduzir o impacto de um default americano.
Segundo Fausto Hernández, diretor da Divisão de Economia do Centro de Investigação e Docências Econômicas (CIDE) do México, se a crise cristalizar "haverá uma muito mais abrupta desaceleração econômica, a qual atingiria o México em particular, mais que o restante da América Latina". Segundo o governo mexicano, 85% das exportações mexicanas são dirigidas ao mercado americano.
Na Argentina, as repercussões poderiam ser limitadas, considera Alejandro Vanoli, presidente da Comissão Nacional de Valores, já que "há fatores importantes que fazem com que a Argentina fique relativamente imunizada".
"Como a Argentina não está saindo aos mercados voluntários e suas necessidades financeiras são reduzidas e se cobrem internamente, não há muita exposição aos mercados financeiros, que é onde mais impacta a crise", disse à AFP.
Um relatório da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) afirmou que "ainda que América Latina e Caribe tenham demonstrado estar melhor preparados que no passado para enfrentar uma deterioração do cenário internacional, o crescimento está em alto risco na região por conta dos EUA. "Os EUA são o principal sócio econômico da região", disse o relatório.