Mundo

Buraco gigante na Sibéria pode dar pistas sobre o futuro da Terra

O volume da cratera aumenta em cerca de 1 milhão de metros cúbicos a cada ano

O buraco triplicou de tamanho entre 1991 e 2018, de acordo com o US Geological Survey (Google Earth)

O buraco triplicou de tamanho entre 1991 e 2018, de acordo com o US Geological Survey (Google Earth)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 13h07.

Última atualização em 2 de setembro de 2024 às 15h01.

Um buraco gigante na Sibéria tem chamado a atenção de cientistas. As fotos do espaço mostram que ele está crescendo rapidamente, segundo o Business Insider.

Ele se assemelha a uma arraia, um caranguejo-ferradura ou um girino gigante. Começou como uma lasca, quase invisível em imagens de satélite da década de 1960. Agora é um abismo com penhascos íngremes, claramente visível do espaço. O buraco triplicou de tamanho entre 1991 e 2018, de acordo com o US Geological Survey.

A cratera Batagay, às vezes chamada de Batagaika ou "porta de entrada para o inferno", representa um problema muito maior, muitas vezes invisível, que afeta todo o planeta.

O que é esse buraco na Sibéria?

O Ártico está esquentando mais rápido do que o resto da Terra, e isso está descongelando rapidamente o permafrost, que é uma camada espessa de solo permanentemente congelado — pelo menos costumava ser.

A cratera Batagay não é realmente uma cratera. É o maior "degelo retrógrado" do mundo, um poço que se forma quando o degelo do permafrost faz com que o solo desmorone, criando um deslizamento de terra. Existem milhares de degelos no Ártico, mas nenhum com o tamanho da "cratera" de Batagay

À medida que o permafrost derrete, todas as plantas e animais mortos que ficaram congelados dentro dele por séculos começam a se decompor, expelindo dióxido de carbono e metano na atmosfera.

Esses são gases poderosos que retêm o calor, que fazem com que as temperaturas globais aumentem ainda mais, desencadeando um degelo do permafrost ainda mais rápido.
Esse ciclo vicioso pode ter efeitos terríveis. O permafrost cobre 15% da terra no Hemisfério Norte e contém o dobro de carbono da atmosfera.

Um estudo estimou que o degelo do permafrost poderia emitir tantos gases quanto uma grande nação industrial até 2100 se as indústrias e os países não controlassem agressivamente suas próprias emissões hoje.

Resumindo: o degelo do permafrost poderia rapidamente piorar muito a crise climática. Mas ainda é um processo misterioso. Estudar locais extremos  pode ajudar os cientistas a entender o degelo do permafrost e a ver o futuro.

Em um estudo publicado no periódico Geomorphology em junho, os pesquisadores usaram dados de satélite e drones para construir modelos 3D e calcular a expansão do degelo ao longo do tempo.

Eles descobriram que algo em torno 14 Pirâmides de Gizé de gelo haviam derretido em Batagay. O volume da cratera aumenta em cerca de 1 milhão de metros cúbicos a cada ano.

Os pesquisadores também calcularam que o degelo libera cerca de 4.000 a 5.000 toneladas de carbono a cada ano. Isso é quase o mesmo que as emissões anuais do uso de energia de 1.700 a 2.100 residências nos EUA.

Acompanhe tudo sobre:Mudanças climáticas

Mais de Mundo

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump

Putin confirma ataque à Ucrânia com míssil hipersônico

Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pudong: expansão estratégica em Xangai