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Britânico é condenado à morte por blasfêmia no Paquistão

Britânico se apresentou como um profeta do Islã e foi condenado à morte


	Forcas: Mohammad Asghar, de nacionalidade inglesa foi preso por escrever cartas declarando ser um profeta
 (AFP)

Forcas: Mohammad Asghar, de nacionalidade inglesa foi preso por escrever cartas declarando ser um profeta (AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 12h20.

Islamabad - Um tribunal no Paquistão sentenciou um britânico à pena de morte por blasfêmia, por ele ter se apresentado como um profeta do Islã, segundo informações de um promotor e da polícia.

Mohammad Asghar, de nacionalidade inglesa, mas nascido no Paquistão, foi preso em 2010 na cidade de Rawalpindi, próxima de Islamabad, por escrever cartas declarando ser um profeta, afirmou a polícia.

Uma corte especial, formada no interior da prisão de Adiala, onde Asghar está preso, não aceitou a tese da defesa de que o homem, de 65 anos, sofre de problemas mentais.

"Asghar afirmou ser um profeta até mesmo dentro do tribunal. Ele disse isso para o juiz", informou Javed Gul, promotor do governo, à AFP.

As leis rígidas contra a blasfêmia do Paquistão são criticadas por grupos de direitos humanos, que denunciam que elas são frequentemente usadas para resolver questões pessoais.

Esse é um assunto delicado no Paquistão, onde 97% da população é muçulmana, e insultar o profeta Maomé, considerado o último mensageiro de Deus, pode resultar em pena de morte.

Mas o país restringiu a pena capital desde 2008 e, desde então, apenas uma pessoa foi executada, um soldado condenado por uma corte marcial.

Em 2006, o então presidente, Pervez Musharraf, comutou a pena de morte de um britânico, condenado por assassinato, depois de apelos do primeiro-ministro inglês Tony Balir e do príncipe Charles.

Asghar também foi sentenciado a pagar uma multa de 1 milhões rúpias paquistanesas (US$10.000), acrescentou Gul.

O britânico tem um longo histórico de distúrbios mentais, incluindo tendo se tratado em um hospital na Escócia em 2003, segundo uma fonte ligada ao caso.


A fonte, que não quis se identificar por causa da sensibilidade das acusações de blasfêmia, disse que Asghar tentou se suicidar enquanto estava na prisão de Adiala.

Além disso, afirmou que o tribunal se recusou a aceitar seu histórico médico.

Uma equipe médica chegou a examinar Asghar depois de pedidos dos advogados, mas segundo o promotor Gul eles "consideraram ele uma pessoa normal".

A pena de morte foi confirmada por um policial de Rawalpindi, cidade onde o homem foi preso.

Autoridades britânicas em Islamabad disseram que sabiam do caso e estavam providenciando assistência consular, mas que não iria comentar em detalhes.

Em 2012, Rimsha Masih, uma jovem cristã, foi presa, acusada de blasfêmia, em Islamabad.

O caso chamou a atenção da comunidade internacional por causa da idade da garota, estimada em 14 anos, e porque ela foi descrita como "não-educada". Ela era portadora de síndrome de Down.

As acusações contra ela acabaram sendo retiradas, e em junho de 2013 ela foi para o Canadá com sua família.

Até mesmo suposições de desonras podem causar uma resposta da violência da população.

Diversas vezes multidões enfurecidas atacaram pessoas com problemas mentais que supostamente haviam cometido blasfêmias.

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