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Brigas de galo são combatidas pela polícia na Califórnia

Autoridades redobraram os esforços para combater as brigas de galos, um fenômeno ilegal nos Estados Unidos relacionado à violência, abusos e narcotráfico


	Crista de galo: combates de animais são eventos de apostas usados em algumas ocasiões pelas máfias para tratar de negócios, segundo entidade
 (Wikimedia Commons)

Crista de galo: combates de animais são eventos de apostas usados em algumas ocasiões pelas máfias para tratar de negócios, segundo entidade (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 13h04.

Los Angeles - As autoridades de Los Angeles redobraram os esforços para combater as brigas de galos, um fenômeno ilegal nos Estados Unidos relacionado à violência, abusos e narcotráfico e cuja presença se multiplicou nos últimos anos na Califórnia.

Desde abril, só na região de Antelope Valley, no condado de Los Angeles, foram apreendidas centenas de aves destinadas a rixas em quatro operações policiais.

Em 22 de agosto foram encontrados 279 galos, remédios para tratar ferimentos, navalhas adaptadas para inserir em suas patas e tornar suas estocadas mais agressivas, assim como 20 escopetas de cano curto e munições.

A investigação continua, confirmou à Agência a Efe o ajudante do xerife do condado de Los Angeles em Antelope Valley, Robert Ferrell, que adiantou que alguns dos lugares "estão relacionados" entre si.

"Há várias ordens de detenção pendentes", afirmou Ferrell, que trabalha para desarticular esta rede clandestina, e não descarta que ela possa ter vínculos com organizações criminosas de fora do estado.

Estes combates de animais são eventos de apostas usados em algumas ocasiões pelas máfias para tratar de negócios, explicou Eric Sakach, agente da entidade protetora dos animais The Humane Society, que em mais de 36 anos de experiência se infiltrou e hoje conhece profundamente como funcionam as rixas de galos nos Estados Unidos.

No início de 2013, a imprensa mexicana informou que as autoridades investigavam as atividades de grupos como Os Zetas e o cartel de Tijuana para checar se parte de seu financiamento era graças a brigas de galo e se eles teriam seus próprios criadouros.

Sakach, no entanto, se apressou a derrubar o mito de que as rixas de aves fossem necessariamente assunto orquestrado por latinos. "Nenhuma cultura ou raça tem o monopólio nisto", esclareceu ao lembrar que as origens destes combates remontam à Grécia antiga, fizeram furor em Roma, chegaram à China e a Índia e "durante séculos foram muito populares nas ilhas britânicas".


Alguns países da América Latina, assim como em alguns lugares da Espanha, têm regulamentada a briga de galos, assim como as touradas, com federações e até torneios internacionais.

Nos EUA o perfil do público das brigas varia, apontou Sakach, de acordo com a demografia da região e inclui desde profissionais de carreira até pessoas de baixos recursos atraídas pela possibilidade de ganhar dinheiro rápido e livre de impostos, e a curiosidade mórbida de torcer pela violência.

Frequentemente, como em qualquer outro jogo, os apostadores perdem e podem fazer uma fortuna. Em um ambiente como este, não são incomuns casos de tiroteios e brigas.

"São eventos que tendem a atrair criminosos dos bairros vizinhos", declarou Sakach que acredita que a Califórnia se transformou em um foco de rixas de galos nos últimos anos graças à legislação mais rígida dos estados vizinhos com a atividade

Arizona, Colorado, Oregon e Washington consideram a organização destes combates um delito grave passível de prisão, como também passou a ser em Nevada desde junho, enquanto na Califórnia é um delito menor, caso não haja reincidência.

Os legisladores reconhecem a necessidade de maior rigor na Califórnia, mas a superpopulação carcerária dificulta endurecer as penas a fim de evitar pôr mais pessoas atrás das grades.

Na rua, as forças da ordem pública têm obsessão sobre a questão das brigas de galo.

No Departamento de Controle e Cuidado Animal do Escritório da Promotoria no condado de Los Angeles, os agentes foram submetidos a um treinamento específico para identificar quando estas atividades representam maus-tratos de acordo com a lei americana.

A polícia é "mais consciente do problema e o povo sabe que as denúncias são levadas a sério", explicou Deborah Knaan, chefe do departamento.

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