A polícia norueguesa pediu uma extensão de 12 semanas da prisão preventiva de Breivik, assim como a proibição de receber visitas e ter contato com a imprensa (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de novembro de 2011 às 09h31.
Copenhague - O ultradireitista Anders Behring Breivik, autor confesso dos atentados de 22 de julho na Noruega, tentou falar com os familiares das vítimas e os sobreviventes da tragédia durante a audiência pública realizada nesta segunda-feira em Oslo, mas foi impedido pelo juiz.
'Vejo que os afetados estão presentes pela primeira vez. Posso dizer algo a eles?', foram as palavras de Breivik, às quais o juiz respondeu com um 'não', segundo a emissora de televisão pública 'NRK'.
Vários dos familiares e sobreviventes presentes deixaram a sala no meio da audiência.
O juiz também interrompeu Breivik quando tentou justificar seus atos e elaborar um discurso político.
O autor confesso dos atentados só podia falar sobre sua situação na prisão e sua posição diante da questão da prisão preventiva, objeto da audiência, circunstância sobre a qual foi advertido já em sua chegada à sessão, a quarta desde sua detenção, mas a primeira em que foi permitido o acesso do público à sala.
A Justiça norueguesa não deixou a audiência ser filmada nem fotografada, mas revogou a proibição que havia feito à imprensa de relatar o que era dito na sala.
Ao início da sessão, Breivik se apresentou como comandante militar no movimento de resistência contra a islamização, uma expressão já usada em seu manifesto político, e mostrou suas objeções contra o juiz, Torkjel Nesheim.
'Você recebeu o mandato daqueles que apoiam o multiculturalismo. É uma ideologia do ódio, que apoia a desconstrução da sociedade norueguesa', disse Breivik antes de ser interrompido por Nesheim, segundo a agência 'NTB'.
Como fez até agora, o réu - vestido com uma roupa escura, camisa branca e gravata azul-clara - reconheceu os fatos, mas se declarou inocente, rejeitou a prisão e pediu para ser libertado.
Perguntado por seu advogado a respeito do isolamento na prisão de Ila, disse não ter 'grandes problemas', mas admitiu que a princípio foi difícil 'se adaptar a uma existência muito passiva'.
A polícia norueguesa pediu uma extensão de 12 semanas da prisão preventiva de Breivik, assim como a proibição de receber visitas e ter contato com a imprensa.
Após a sessão, que começou às 8h (horário de Brasília), espera-se que o juiz leia a decisão por volta das 10h.
A audiência pública de Breivik gerou muita expectativa, e várias horas antes do início, dezenas de pessoas faziam fila diante da corte de Oslo.
O julgamento contra o ultradireitista norueguês, no entanto, começará apenas no primeiro semestre de 2012.