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Brasil e França: a ponte que não une

Nem uma ponte será capaz de conectar os dois países. Neste sábado, será inaugurada uma conexão entre Brasil e Guiana Francesa, mas a ministra do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, vai participar sozinha da solenidade. Nenhum integrante do primeiro escalão brasileiro confirmou presença na entrega da obra – que já está pronta há seis […]

RIO OIAPOQUE: ponte entre Guiana Francesa e Brasil será inaugurada neste sábado 18 / Wikimedia Commons

RIO OIAPOQUE: ponte entre Guiana Francesa e Brasil será inaugurada neste sábado 18 / Wikimedia Commons

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2017 às 06h42.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h12.

Nem uma ponte será capaz de conectar os dois países. Neste sábado, será inaugurada uma conexão entre Brasil e Guiana Francesa, mas a ministra do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, vai participar sozinha da solenidade. Nenhum integrante do primeiro escalão brasileiro confirmou presença na entrega da obra – que já está pronta há seis anos, sem que ninguém pudesse cruzá-la.

A ponte estaiada de 378 metros custou 30 milhões de dólares ao governo brasileiro e ao francês, e teve sua construção anunciada oficialmente em 1997, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente. A ideia era melhorar a conexão entre os dois países, mas 20 anos já se passaram sem que as conversas entre os dois lados avançassem. E não será agora que vai melhorar. O Oiapoque (no extremo norte brasileiro, no Amapá) está ligado ao município de St. Georges, mas quem cruzar a ponte vai ter que parar por aí. Fica proibido circular por outros municípios da Guiana Francesa e do Brasil sem visto. Como ainda não há aparelhos de fiscalização, o transporte de carga está proibido por enquanto, e só carros particulares poderão realizar o bate-volta.

O lado brasileiro da ponte está todo atrasado – as alfândegas não estão prontas, assim como a BR-156, que leva até Macapá. Cansado de esperar os toques finais, o governo francês decidiu abrir de uma vez os caminhos, mesmo sem a presença de nenhum ministro brasileiro. O Ibama emitiu a licença ambiental há apenas uma semana, para garantir o evento de inauguração parcial. Uma nova cerimônia deve ser marcada para setembro com representantes dos dois lados, se os postos aduaneiros enfim ficarem prontas.

A pressa francesa tem motivo. A socialista Ségolène Royal está a pleno vapor na corrida para tentar eleger o candidato do governo, Benoît Hamon, na disputa presidencial de abril. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o interesse eleitoreiro na inauguração da ponte incomodou o governo brasileiro – e a ausência passa esse recado. Em entrevista à agência de notícias francesa RFI, o senador afirmou que conversou com o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB-SP), e ele disse que não vai ao evento porque não faz sentido inaugurar uma obra pela metade. Amanhã, a França estará lá, cortando a fita da ponte que não une.

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