O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson retornou neste sábado a Londres após um período de férias, em meio aos rumores de uma candidatura para voltar a ocupar o posto de chefe de Governo após a renúncia de Liz Truss. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 12 de maio de 2021 às 12h31.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou, nesta quarta-feira (12), que uma investigação independente, há muito solicitada pela oposição, será realizada em 2022 sobre a sua criticada gestão da pandemia de coronavírus.
"Diante de uma tragédia como essa, o Estado tem a obrigação de examinar suas ações com o maior rigor e honestidade possível, e aprender com elas para o futuro. Por isso, sempre disse que quando chegasse a hora deveria acontecer uma investigação completa e independente", afirmou Johnson perante os deputados.
"Posso confirmar hoje que o governo vai estabelecer uma investigação pública independente" com capacidade para "tomar declarações orais, em público e sob juramento", disse ele.
O político considerou ainda que o "momento certo" para iniciar essa investigação é "primavera (hemisfério norte, outono no Brasil) de 2022".
Para o estabelecimento de tal investigação, Johnson comprometeu-se a consultar as autoridades semi-autônomas da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que têm poderes na área da saúde.
Este anúncio é "um grande alívio", disse Jo Goodman, cofundador de um grupo de defesa das famílias afetadas pela covid-19, mas considerou a primavera de 2022 "tarde demais".
"Vidas estão em jogo", declarou, observando que "especialistas em saúde e cientistas estão alertando sobre uma terceira onda no outono".
"Uma revisão rápida no verão de 2020 poderia ter salvado nossos entes queridos que morreram na segunda onda neste inverno", acrescentou.
Johnson foi muito criticado por sua gestão errática da pandemia, que matou mais de 127.500 pessoas no Reino Unido, o maior balanço de mortos na Europa.
Ele foi acusado de reagir tarde demais, de comprar sem licitação equipamentos de proteção e de suspender as restrições muito rapidamente após o primeiro confinamento decretado na primavera de 2020.
No entanto, o sucesso da campanha de vacinação, que já administrou uma primeira dose a dois terços dos adultos, permitiu que ele recuperasse sua imagem e aos poucos aliviasse as restrições após um terceiro confinamento iniciado em janeiro.
A oposição trabalhista exigia a investigação há algum tempo, mas o governo considerava prematuro iniciá-la em meio à crise sanitária.
O líder trabalhista Keir Starmer saudou seu anúncio nesta quarta-feira, mas também considerou que sua implementação deveria começar mais cedo.