Guerra em Gaza: Israel reagiu com irritação à abstenção americana na ONU (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de março de 2024 às 09h14.
Forças israelenses prosseguiam com os bombardeios e combates nesta terça-feira, 26, na Faixa de Gaza, ignorando a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira, de uma resolução que pede um "cessar-fogo imediato" na guerra contra o Hamas.
O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que 70 pessoas morreram durante a noite, 13 delas em ataques aéreos cerca de Rafah, uma cidade no extremo sul de Gaza onde 1,5 milhão de palestinos estão aglomerados, a maioria deslocados pela violência no restante do território.
A resolução, redigida pelos membros não permanentes do Conselho, foi aprovada com 14 votos a favor e a abstenção dos Estados Unidos, principal aliado de Israel. O Conselho exige um "cessar-fogo imediato" durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, atualmente em curso, passo prévio para uma "trégua" duradoura. Também exige que o movimento islamista Hamas liberte os reféns que sequestrou nos ataques de 7 de outubro contra Israel, mas não vincula diretamente a libertação com trégua.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu a aplicação da resolução. "Seu descumprimento será imperdoável", escreveu Guterres na rede social X.
Israel reagiu com irritação à abstenção americana na ONU. Esta é a primeira resolução do Conselho de Segurança desde o início da guerra na Faixa de Gaza que exige o fim dos combates.
Washington insistiu que sua abstenção, após diversos vetos, não significa uma mudança em sua política, embora nas últimas semanas tenha adotado uma postura cada vez mais crítica em relação a Israel.
A guerra começou em 7 de outubro, após um ataque do Hamas contra o território de Israel, que deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses. Entre as pessoas assassinadas estavam mais de 300 militares.
As milícias islamistas também sequestraram mais de 250 pessoas e, segundo Israel, 130 delas continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 33 que teriam sido mortas.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que deixou mais de 32.300 mortos até o momento, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
Com a promessa de destruir o Hamas e libertar os reféns, Israel prossegue com uma campanha implacável de bombardeios e operações terrestres em Gaza.
O Hamas celebrou a resolução do Conselho de Segurança e reiterou sua disposição de negociar a libertação dos reféns em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
O movimento palestino acusou Israel de frustrar a última rodada de negociações organizada pelo Catar, país mediador do conflito.
O Hamas afirmou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu gabinete são "inteiramente responsáveis pelo fracasso das negociações e por impedir que um acordo seja alcançado".