Mundo

Bombardeio atinge centro histórico da capital do Iêmen

Se confirmado, o ataque seria o primeiro bombardeio direto neste bairro desde o início da campanha aérea da coalizão árabe contra rebeldes xiitas huthis


	Bombardeio da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes huthis na cidade iemenita de Sanaa
 (AFP/ Mohammed Huwais)

Bombardeio da coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes huthis na cidade iemenita de Sanaa (AFP/ Mohammed Huwais)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2015 às 14h57.

Sana - Um bombardeio da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita atingiu nesta sexta-feira a cidade antiga de Sanaa, matando cinco pessoas e destruindo três casas na parte histórica, classificada pela Unesco como patrimônio mundial.

A coalizão árabe negou o ataque. "É certo que nossos aviões não realizaram operações na cidade", declarou à AFP o general Ahmed al-Assiri, porta-voz da coalizão.

"Nós sabemos que esses locais são muito importantes", acrescentou, sugerindo que as mortes e os danos teriam sido causados pela explosão de um esconderijo de armas dos rebeldes.

Se confirmado, o ataque seria o primeiro bombardeio direto neste bairro desde o início, em 26 de março, da campanha aérea da coalizão contra os rebeldes xiitas huthis e seus aliados, segundo habitantes da região.

Um míssil caiu sem explodir no bairro de Qasimi, localizado em uma área que compreende milhares de casas de vários séculos de idade, de acordo com um repórter da AFP e testemunhas.

O projétil demoliu várias casas e matou cinco pessoas, incluindo uma criança, indicaram fontes médicas e testemunhas.

O alvo do ataque não está claro, já que há relatos conflitantes da presença de rebeldes nas casas atingidas.

Aeronaves da coalizão também bombardearam posições e arsenais de armas dos rebeldes e seus aliados - as forças leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh - em Sanaa e na província petrolífera de Marib (leste).

Os rebeldes huthis xiitas, apoiados pelo Irã, e seus aliados, travam uma guerra contra o governo no exílio, ajudado por uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita

Em um comunicado, a diretora da Unesco, Irina Bokova, lamentou a perda de vidas humanas e os danos infligidos a "uma das joias mais antigas do urbanismo do mundo islâmico".

"Reitero o meu apelo a todas as partes a respeitar e proteger o patrimônio cultural do Iêmen, símbolo de uma história milenar, que pertence a toda a humanidade", disse ela.

Construída em um vale entre montanhas a 2.200 metros de altitude, Sanaa foi um importante centro de difusão do Islã nos séculos VII e VIII. Ainda hoje, existem centenas de casas-torres e outras em adobe, espécie de tijolos de terra crua, água e palha, construídas antes do século XI.

Neste contexto, organizações humanitárias, que pedem um cessar-fogo "imediato e permanente para salvar milhares" de vidas no Iêmen, denunciaram que a guerra afeta 80% dos civis do país.

O conflito atinge 20 milhões de pessoas, estimam estas associações em um comunicado publicado antes das negociações de paz de domingo em Genebra.

"O Iêmen precisa de um cessar-fogo permanente, do levantamento do bloqueio econômico iniciado pela Arábia Saudita, do fim do fornecimento de armas a todas as partes e de mais financiamento para ações humanitárias", afirma o texto assinado, entre outros, por Ação Contra a Fome (ACF), Care, Oxfam e Save the Children.

A ONU planeja reunir a partir de domingo em Genebra representantes das partes iemenitas em conflito, mas é pouco provável que estas consultas coloquem fim às hostilidades, estimam especialistas.

Desde o fim de março, a guerra no Iêmen deixou mais de 2.000 mortos e quase 10.000 feridos. Além disso, mais de meio milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas.

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaIêmen

Mais de Mundo

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia

A discreta missa de Natal em uma região da Indonésia sob a sharia