Afeganistão: nos primeiros seis meses do ano, o conflito afegão alcançou um novo recorde de mortes de civis (Omar Sobhani/Reuters)
EFE
Publicado em 30 de agosto de 2017 às 11h27.
Cabul - Pelo menos dez civis morreram e outros dez ficaram feridos na manhã desta quarta-feira por conta de um suposto bombardeio americano durante uma operação conjunta com as tropas afegãs no leste do Afeganistão, durante a qual também morreram cerca de 28 talibãs.
O bombardeio das Forças Aéreas americanas apoiava uma operação terrestre das tropas afegãs na área de Dasht-e-Baari em Pol-e 'Alam, capital da província de Logar, segundo disse à Agência Efe o porta-voz do governador provincial, Salim Saleh.
Segundo o porta-voz, um grupo de talibãs, incluindo dois comandantes, se escondeu durante um confronto com as tropas afegãs no interior de uma casa, que foi bombardeada em seguida pelas forças americanas.
No bombardeio morreram os dois comandantes talibãs e "mais de dez civis", enquanto outra dezena de civis feridos foram levados a Cabul para receber tratamento, apontou Saleh.
"Enviamos as forças de segurança e também as nossas próprias equipes para coletar detalhes sobre as baixas civis na área", concluiu o porta-voz.
O governo local convocou uma reunião de emergência para abordar o assunto da operação militar e a morte dos civis. Um dos que participaram do encontro, sob a condição de anonimato, afirmou à Efe que já chegaram relatórios do local do ataque, segundo os quais "12 civis, inclusive mulheres e crianças, morreram no bombardeio das forças da coalizão".
A fonte também declarou que 28 talibãs morreram durante a operação e que alguns deles buscaram refúgio na casa que foi bombardeada.
Em um comunicado remitido à Efe, o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid negou que tenham ocorrido baixas entre suas fileiras e acrescentou que no bombardeio só morreram 13 civis, já que seus combatentes tinham abandonado a área antes do ataque aéreo.
Este incidente ocorre dois dias após o suposto bombardeio das Forças Aéreas afegãs contra refúgios talibãs na província de Herat, no oeste do Afeganistão, no qual também morreram pelo menos 13 civis e outros sete ficaram feridos.
A morte de civis por bombardeios da missão da Otan no Afeganistão ou pelas Forças Aéreas afegãs tem gerado fortes críticas entre a população do país, que atravessa uma guerra desde 2001.
Nos primeiros seis meses do ano, o conflito afegão alcançou um novo recorde de mortes de civis, com 1.662 mortos, 2% a mais que em 2016, segundo dados da ONU.