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Boko Haram usa crianças em 1 a cada 5 ataques suicidas

Intitulado “Além de Chibok”, estudo da Unicef divulgado hoje revelou que entre crianças usadas pelo grupo em atos suicidas, 75% são meninas


	Meninas no Níger: dos ataques suicidas do Boko Haram, 1 em cada 5 foi realizado por crianças e 75% delas eram meninas, revelou a Unicef
 (Getty Images)

Meninas no Níger: dos ataques suicidas do Boko Haram, 1 em cada 5 foi realizado por crianças e 75% delas eram meninas, revelou a Unicef (Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 12 de abril de 2016 às 11h50.

São Paulo – Nos últimos dois anos, um em cada cinco ataques suicidas de autoria do grupo extremista Boko Haram foi realizado por uma criança. A mais nova delas tinha só 8 anos de idade e 75% eram meninas. É o que mostra um estudo divulgado hoje pela Unicef.

Intitulado “Além de Chibok”, região no qual há exatos dois anos esses extremistas sequestraram 200 meninas em uma escola, o estudo investigou a situação das crianças nos países onde o Boko Haram concentra suas atividades e trouxe dados que mostram a gravidade da situação que a população enfrenta diariamente.

Hoje, há 2,3 milhões de pessoas deslocadas em razão da violência e 1,3 milhão são crianças. A Unicef estima que 5 mil delas estejam separadas de seus pais. Ao todo, 1.800 escolas estão fechadas e 670 mil crianças estão fora das salas de aula.

O estudo observou que 2015 foi o primeiro ano em que a incidência de ataques suicidas se expandiu para além das fronteiras da Nigéria, atingindo também Camarões, Chade e Níger. De acordo com a entidade, foram 151 ataques suicidas no ano passado, 89 deles na Nigéria, 39 em Camarões, 16 no Chade e 7 no Níger.

Impactos na infância

A investigação da Unicef revelou outros aspectos acerca da vulnerabilidade das crianças que vivem nesses quatro países. Por terem se tornado o alvo favorito de recrutadores do Boko Haram, especialmente para atos suicidas, as crianças que conseguiram escapar das garras dos extremistas enfrentam ainda a desconfiança das comunidades nas quais tentam se reinserir.

A maioria dessas crianças são meninas, muitas das quais foram ainda vítimas de violência sexual enquanto reféns do grupo. “Como é possível que uma sociedade queira se reconstruir isolando suas irmãs, filhas e mães? ”, questionou Manuel Fontaine, diretor da Unicef para o Oeste e Centro da África.

“Precisamos deixar uma coisa bem clara: essas crianças são vítimas e não criminosas”, enfatizou. Para Fontaine, a estratégia do grupo de enganar as crianças para que conduzam esses atos é um dos aspectos mais terríveis da violência na Nigéria e países vizinhos.

Guerra contra o Boko Haram

Formado em 2002 na região de Maidguri, capital do estado de Borno (Nigéria), o grupo é liderado por Abubakar Shekau, um dos homens mais procurados do mundo pelos Estados Unidos. A partir de 2009, os militantes passaram a intensificar os ataques na Nigéria e começaram a ensaiar atos nos países vizinhos.

Até o momento, confrontos com o Boko Haram deixaram mais de 17 mil mortos apenas na Nigéria. Na conta dos militantes, há atos terríveis, como o sequestro das mais de 200 meninas de uma escola em Chibok em 2014 e o massacre no vilarejo de Baga em 2015, no qual mais de 2 mil pessoas morreram.

A violência dos atos do Boko Haram e suas bem-sucedidas incursões em Camarões, Chade e Níger trouxeram o grupo para o centro das atenções dos países africanos e também da ONU. Em fevereiro, a União Africana (UA) prometeu 250 milhões de dólares para financiar uma força militar multinacional com 8.700 soldados para o combate dos extremistas. 

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