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Boias na fronteira: entenda a medida do Texas contra imigrantes do México - e virou debate nos EUA

Dois corpos foram encontrados perto da barreira, colocada no rio Grande, na última semana

Boias no rio Grande, na fronteira entre EUA e México (Suzanne Cordeiro/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 5 de agosto de 2023 às 06h30.

Uma barreira de boias é a mais nova tentativa do governo do Texas para conter a entrada de imigrantes de forma irregular nos EUA. A ideia, no entanto, gerou fortes críticas por colocar a vida dos imigrantes em risco.

Nesta semana, dois corpos foram encontrados no rio, perto das barreiras. Um deles pertencia a um imigrante, e o outro ainda não foi identificado.

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A medida foi tomada pelo governo do Texas, comandado pelo republicano Greg Abbott, crítico ferrenho da entrada irregular de imigrantes no país.

O governo Biden entrou na Justiça contra a medida, por considerar que o Texas não tem autoridade para instalar barreiras na fronteira, o que seria uma atribuição do governo federal e que deveria ter aval do Exército.

As boias começaram a ser colocadas no final de julho no rio Grande, que separa os Estados Unidos do México. O primeiro trecho tem cerca de 300 metros e fica em um local geralmente usado por imigrantes para fazer a travessia.

A barreira dificulta a travessia a nado: é preciso passar por baixo dela, o que gera risco de afogamento, especialmente para quem não sabe nadar direito. O risco é ainda maior porque muitas vezes os imigrantes estão vindo de uma longa viagem, bastante cansados, e na companhia de crianças.

Além das boias, o governo do Texas colocou grades e arame farpado em trechos da margem do rio, para dificultar ainda mais a entrada de estrangeiros. As medidas fazem parte de uma operação do governo texano chamada Lone Star (estrela solitária, o lema do estado), que planeja gastar US$ 9,5 bilhões em medidas anti-imigração.

"Isso é desumano e nenhuma pessoa deveria ser tratada assim", disse Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, ao comentar as mortes, na quinta, 3.

O governo do Texas minimizou as mortes. "Infelizmente, afogamentos no Rio Grande por pessoas tentando cruzá-lo ilegalmente são muito comuns. No começo de junho, antes das barreiras serem instaladas, quatro pessoas se afogaram", disse Andrew Mahaleris, um porta-voz de Abbott.

O embate do governador do Texas com Biden

O governador Abbott é crítico ferrenho da entrada irregular de imigrantes nos EUA. Ele acusa Biden de não agir de forma firme para conter o alto fluxo de imigrantes na fronteira. A vinda de estrangeiros que tentam entrar pela fronteira sem autorização teve forte alta em 2021 e 2022.

Nos últimos anos, Abbott buscou confrontar o governo Biden e políticos democratas, com ações como colocar imigrantes irregulares em ônibus rumo a cidades como Nova York e Washington.

Em julho, houve alta de 30% nas detenções de imigrantes na fronteira sul dos EUA. Foram 130 mil prisões naquele mês, ante 99.545 em junho.

A alta ocorre meses após o governo Biden encerrar uma medida chamada de Título 42, que determinava a expulsão de imigrantes na fronteira, sem direito a apelação. A medida havia sido justificada como ação de combate à pandemia, ainda no governo de Donald Trump, mas foi mantida por Biden até maio.

O governo Biden diz que busca combater a imigração irregular, mas defende que os estrangeiros sejam tratados com dignidade e planeja ampliar os caminhos legais para que eles possam pedir asilo nos Estados Unidos, algo garantido pelas leis americanas.

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