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Binner quer ser o primeiro presidente socialista da Argentina

Experiente político deixou rivais mais cotados para trás e aparece em segundo lugar nas pesquisas

Hermes Binner está em segundo lugar nas pesquisas, mas ainda distante da líder Cristina Kirchner (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 14h24.

Buenos Aires - O médico Hermes Binner pretende se consagrar o primeiro presidente socialista da Argentina para coroar quase cinco décadas de uma trajetória política construída a passos lentos, mas sustentada, e com a prolixidade própria de seus genes suíços.

O governador da província central de Santa Fé, uma das mais ricas da Argentina, chega às eleições de domingo como segundo nas enquetes, com um nível de adesão próximo a 15%.

Binner está muito longe do percentual de intenções de voto da presidente Cristina Kirchner, favorita para ser reeleita, mas experimentou um notável crescimento desde o quarto lugar que alcançou nas primárias de agosto, com 10,18% dos votos.

O candidato da Frente Ampla Progressista ganhou adesões nesta campanha sem discursos agressivos ou atos grandiosos, seguindo sua personalidade serena e aberta ao diálogo.

'O governador foi percebido como reservado e reflexivo. Não mostrou a paixão ou a ambição esperadas de um potencial candidato presidencial, mas pareceu um líder provincial preocupado e competente', dizia sobre Binner um cabo da embaixada dos Estados Unidos na Argentina em 2008, divulgado pelo Wikileaks.

Casado pela segunda vez com a arquiteta Silvana Codina, tem cinco filhos, três deles médicos, é amante de música clássica, metódico no cuidado com a saúde e comedido em suas palavras.

Binner nasceu em 5 de junho de 1943 na cidade de Rafaela, em Santa Fé, coração da maior bacia leiteira da Argentina, onde seus avós se estabeleceram após deixar a Suíça.

Posteriormente, ele deixou Rafaela e se mudou para Rosario, onde desenvolveu sua vocação política e profissional.

Militante no socialismo desde os 18 anos, se graduou em 1970 como médico na Universidade de Rosario, na qual foi secretário de extensão universitária.


Como médico, trabalhou na década de 1970 na populosa periferia pobre da cidade. Se especializou em anestesiologia e medicina do trabalho e depois em saúde pública, formação que lhe permitiu fazer concursos e assumir altos cargos diretores em hospitais públicos.

Com esta trajetória, em 1989 se transformou em secretário de Saúde Pública de Rosario.

Sua primeira experiência eleitoral foi em 1993, quando conseguiu uma cadeira no Legislativo municipal da cidade, fortaleza tradicional do peronismo, e dois anos depois se transformou em prefeito por dois períodos consecutivos (1995-1999 e 1999-2003).

Rosario, a terceira cidade mais povoada da Argentina, com 1,2 milhões de habitantes, em meados da década de 1990 era uma cidade rodeada por grandes bolsas de pobreza extrema alimentadas por milhares de desempregados, produto de um tecido industrial destruído.

Binner promoveu um papel ativo do Estado na implementação de medidas de descentralização e participação cidadã, recuperação da área ribeirinha denominada 'Chicago argentina' e um novo modelo de saúde pública gratuita.

Em 2003, ele concorreu ao governo de Santa Fé com o peronista Jorge Obeid.

Dois anos mais tarde, foi eleito deputado nacional por Santa Fé como candidato da Frente Progressista Cívica e Social, uma aliança depois desfeita pelo Partido Socialista, União Cívica Radical e Afirmação para uma República Igualitária, ente outras forças de centro e centro-esquerda.

Como candidato dessa mesma frente, Binner ganhou em 2007 as eleições que lhe consagraram como o primeiro governador socialista da história argentina, o que pôs fim a 24 anos consecutivos de Governos peronistas em Santa Fé.

Como governador, Binner desenvolveu uma gestão sem grandes sobressaltos nem escândalos de corrupção e com uma administração prolixa.


Em entrevista à Agência Efe no final de setembro, declarou acreditar que um Governo socialista possa dar à Argentina 'solidariedade, participação e transparência' porque a falta desta última característica é o que segundo sua opinião 'não permite dar coesão à sociedade'.

Além disso, citou a inflação como o problema que mais preocupa, porque de acordo com ele 'prejudica os setores de rendas fixas, aposentados e pensionatos'.

Binner também criticou a política de dois gumes, que de acordo com sua opinião Cristina realiza no Mercosul, já que os impedimentos a importação que a Argentina aplica seriam uma forma de burlar o bloco, integrado também por Brasil, Uruguai e Paraguai.

O candidato também não concorda em desvincular os organismos multilaterais de crédito, e considera que 'não honrar' o pagamento da dívida da Argentina com o Clube de Paris foi um 'grande erro' da atual gestão.

Sua relação com o Governo de Cristina foi boa, sem por isso deixar de ser um opositor, embora esta atitude de diálogo e moderação gere críticas entre os opositores mais firmes ao Executivo nacional.

Em julho, o socialismo reteve o governo em uma ajustada eleição, mas nas primárias os moradores de Santa Fé deram maior apoio a Cristina (37,87%) do que a Binner (32,76%).

Binner concorrerá este domingo como candidato de uma coalizão de forças de centro-esquerda cujo nome é, segundo o próprio candidato presidencial, uma homenagem ao governante Frente Ampla do Uruguai.

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Buenos Aires - O médico Hermes Binner pretende se consagrar o primeiro presidente socialista da Argentina para coroar quase cinco décadas de uma trajetória política construída a passos lentos, mas sustentada, e com a prolixidade própria de seus genes suíços.

O governador da província central de Santa Fé, uma das mais ricas da Argentina, chega às eleições de domingo como segundo nas enquetes, com um nível de adesão próximo a 15%.

Binner está muito longe do percentual de intenções de voto da presidente Cristina Kirchner, favorita para ser reeleita, mas experimentou um notável crescimento desde o quarto lugar que alcançou nas primárias de agosto, com 10,18% dos votos.

O candidato da Frente Ampla Progressista ganhou adesões nesta campanha sem discursos agressivos ou atos grandiosos, seguindo sua personalidade serena e aberta ao diálogo.

'O governador foi percebido como reservado e reflexivo. Não mostrou a paixão ou a ambição esperadas de um potencial candidato presidencial, mas pareceu um líder provincial preocupado e competente', dizia sobre Binner um cabo da embaixada dos Estados Unidos na Argentina em 2008, divulgado pelo Wikileaks.

Casado pela segunda vez com a arquiteta Silvana Codina, tem cinco filhos, três deles médicos, é amante de música clássica, metódico no cuidado com a saúde e comedido em suas palavras.

Binner nasceu em 5 de junho de 1943 na cidade de Rafaela, em Santa Fé, coração da maior bacia leiteira da Argentina, onde seus avós se estabeleceram após deixar a Suíça.

Posteriormente, ele deixou Rafaela e se mudou para Rosario, onde desenvolveu sua vocação política e profissional.

Militante no socialismo desde os 18 anos, se graduou em 1970 como médico na Universidade de Rosario, na qual foi secretário de extensão universitária.


Como médico, trabalhou na década de 1970 na populosa periferia pobre da cidade. Se especializou em anestesiologia e medicina do trabalho e depois em saúde pública, formação que lhe permitiu fazer concursos e assumir altos cargos diretores em hospitais públicos.

Com esta trajetória, em 1989 se transformou em secretário de Saúde Pública de Rosario.

Sua primeira experiência eleitoral foi em 1993, quando conseguiu uma cadeira no Legislativo municipal da cidade, fortaleza tradicional do peronismo, e dois anos depois se transformou em prefeito por dois períodos consecutivos (1995-1999 e 1999-2003).

Rosario, a terceira cidade mais povoada da Argentina, com 1,2 milhões de habitantes, em meados da década de 1990 era uma cidade rodeada por grandes bolsas de pobreza extrema alimentadas por milhares de desempregados, produto de um tecido industrial destruído.

Binner promoveu um papel ativo do Estado na implementação de medidas de descentralização e participação cidadã, recuperação da área ribeirinha denominada 'Chicago argentina' e um novo modelo de saúde pública gratuita.

Em 2003, ele concorreu ao governo de Santa Fé com o peronista Jorge Obeid.

Dois anos mais tarde, foi eleito deputado nacional por Santa Fé como candidato da Frente Progressista Cívica e Social, uma aliança depois desfeita pelo Partido Socialista, União Cívica Radical e Afirmação para uma República Igualitária, ente outras forças de centro e centro-esquerda.

Como candidato dessa mesma frente, Binner ganhou em 2007 as eleições que lhe consagraram como o primeiro governador socialista da história argentina, o que pôs fim a 24 anos consecutivos de Governos peronistas em Santa Fé.

Como governador, Binner desenvolveu uma gestão sem grandes sobressaltos nem escândalos de corrupção e com uma administração prolixa.


Em entrevista à Agência Efe no final de setembro, declarou acreditar que um Governo socialista possa dar à Argentina 'solidariedade, participação e transparência' porque a falta desta última característica é o que segundo sua opinião 'não permite dar coesão à sociedade'.

Além disso, citou a inflação como o problema que mais preocupa, porque de acordo com ele 'prejudica os setores de rendas fixas, aposentados e pensionatos'.

Binner também criticou a política de dois gumes, que de acordo com sua opinião Cristina realiza no Mercosul, já que os impedimentos a importação que a Argentina aplica seriam uma forma de burlar o bloco, integrado também por Brasil, Uruguai e Paraguai.

O candidato também não concorda em desvincular os organismos multilaterais de crédito, e considera que 'não honrar' o pagamento da dívida da Argentina com o Clube de Paris foi um 'grande erro' da atual gestão.

Sua relação com o Governo de Cristina foi boa, sem por isso deixar de ser um opositor, embora esta atitude de diálogo e moderação gere críticas entre os opositores mais firmes ao Executivo nacional.

Em julho, o socialismo reteve o governo em uma ajustada eleição, mas nas primárias os moradores de Santa Fé deram maior apoio a Cristina (37,87%) do que a Binner (32,76%).

Binner concorrerá este domingo como candidato de uma coalizão de forças de centro-esquerda cujo nome é, segundo o próprio candidato presidencial, uma homenagem ao governante Frente Ampla do Uruguai.

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