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Bielorrússia: megaprotesto pode derrubar o "último ditador da Europa”?

Protestos tomam conta do país depois da divulgação dos resultados da eleição presidencial, considerada fraudulenta pela oposição e por países vizinhos

Protesto: cidadãos da Bielorrússia pedem a saída do líder Aleksandr Lukashenko, que está no poder há 26 anos (Vasily Fedosenko/Reuters)

Protesto: cidadãos da Bielorrússia pedem a saída do líder Aleksandr Lukashenko, que está no poder há 26 anos (Vasily Fedosenko/Reuters)

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Carolina Ingizza

Publicado em 16 de agosto de 2020 às 10h12.

A Bielorrússia enfrenta sua maior crise política em 26 anos. Milhares de cidadãos protestam na capital Minsk, depois do líder autoritário Aleksandr Lukashenko, que comanda o país há mais de duas décadas, ter afirmado que recebeu 80% dos votos na eleição presidencial que aconteceu na semana passada.

Neste domingo, 16, o protesto que pede a renúncia de Lukashenko reúne milhares de pessoas no centro da capital após uma semana de grande violência policial contra os manifestantes. A candidata da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, que foi forçada a fugir para a Lituânia após a eleição, publicou um vídeo incentivando os protestos e pedindo a anulação do pleito.

Acuado, o líder bielorrusso pediu apoio ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. O político disse no último sábado, 15, que enviaria ajuda militar a Lukashenko para conter os protestos se fosse necessário.

Aliados de longa data, Rússia e Bielorrússia são países vizinhos, mas que estavam politicamente afastados desde que Putin cortou subsídios ao governo. Agora, com os protestos, o líder bielorrusso argumenta que uma revolução em seu país pode se espalhar também para o território vizinho caso a Rússia não os ajude.

Com a escalada da violência estatal, a União Europeia planeja sanções econômicas contra a Bielorrússia. Os líderes da Estônia, Letônia e Lituânia pediram ao governo vizinho que faça novas eleições justas. Os Estados Unidos afirmaram que estão "monitorando a questão" de perto.

Em discurso para seus apoiadores, na porta do Parlamento, Lukashenko disse que não tem intenção de deixar o governo e afirmou que forças da Otan estariam prontas para "invadir o país". Ainda assim, sua popularidade continua em queda.

Milhares de trabalhadores de fábricas estatais estão em greve. O embaixador do país na Eslováquia publicou um vídeo em apoio aos protestos, dizendo que uma colega de sua filha foi gravemente ferida pela polícia, em uma ação que o lembrava dos tempos de Joseph Stalin. Em algumas cidades pequenas, já há vídeos de policiais apoiando os protestos.

Com a tensão se acumulando, é possível que o político decida deixar o cargo ou seja deposto por membros do seu governo em uma tentativa de salvar o regime. Nas ruas, já se vê uma celebração por parte dos cidadãos, como se o líder já tivesse deixado o cargo. Seria esse o fim do "último ditador" europeu?

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