Blinken é um dos principais colaboradores do democrata para política externa (Mandel NGAN/AFP)
AFP
Publicado em 23 de novembro de 2020 às 06h45.
Última atualização em 23 de novembro de 2020 às 08h54.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja nomear o experiente diplomata Antony Blinken como secretário de Estado, uma decisão que pode marcar o retorno ao multilateralismo depois que Donald Trump se afastou dos aliados tradicionais dos Estados Unidos.
"Verão as primeiras escolhas do presidente eleito para seu gabinete na terça-feira", afirmou no domingo o chefe de gabinete de Biden, Ron Klain, ao programa "This Week" do canal ABC.
O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor
Blinken, 58 anos, é um dos principais colaboradores do democrata para política externa e foi o número dois do Departamento de Estado durante o governo de Barack Obama, quando Biden era vice-presidente.
O jornal Washington Post e outros meios de comunicação informaram que o cargo de conselheiro de Segurança Nacional será ocupado por Jake Sullivan, outro colaborador de longa data de Biden.
A imprensa americana informou ainda que Biden escolheu Linda Thomas-Greenfield, que foi a diretora para a África no Departamento de Estado durante a presidência de Obama, para o posto de embaixadora na ONU.
Se for confirmado pelo Senado, Blinken substituirá como secretário de Estado Mike Pompeo, cujas prioridades à frente da diplomacia americana incluíram uma relação sem concessões com a China e a contenção do Irã.
A designação de Blinken como secretário de Estado poderia contribuir para tranquilizar os aliados tradicionais do país, que foram deixados de lado - e em várias ocasiões insultados - por Trump.
Blinken, nascido em Nova York, fez o Ensino Médio em Paris, onde seu padrasto, um sobrevivente do Holocausto, exerceu a advocacia, e depois trabalhou como advogado na França.
Biden anunciará os primeiros nomes de sua equipe de governo na terça-feira, de acordo com seu chefe de gabinete, embora Trump continue com suas denúncias de fraude, sem evidências, apesar da crescente oposição dentro de seu próprio partido.
O democrata prossegue com os preparativos para assumir a presidência em 20 de janeiro, independente das tentativas de Trump para impugnar os resultados das eleições de 3 de novembro.
Klain não revelou quais postos serão anunciados por Biden, mas o presidente eleito afirmou na semana passada que já decidiu quem ocupará o posto chave de secretário do Tesouro.
Um número cada vez maior de republicanos reconhece a vitória de Biden, ou pelo menos o grupo pede para a Administração de Serviços Gerais - uma agência geralmente discreta responsável pela burocracia federal - liberar os fundos para a transição.
Com Trump se recusando a reconhecer o resultado das eleições, Biden e seus principais assessores não recebem informações sobre temas delicados de política nacional e exterior, assim como sobre a questão mais urgente que afeta o país, a pandemia de coronavírus.
O ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, que em 2016 assessorou Trump na transição, declarou ao canal ABC que a equipe legal do presidente era uma "vergonha nacional".
O governador de Maryland, Larry Hogan, outro republicano de proeminente, declarou à CNN que Trump estava fazendo o país parecer uma "república das bananas". Posteriormente, ele tuitou que o presidente deveria "parar de jogar golfe e reconhecer" a vitória de Biden.
Liz Cheney, a terceira republicana da Câmara de Representantes, disse que se os advogados e Trump não conseguem provar as acusações de fraude, o presidente deveria "respeitar a inviolabilidade do processo eleitoral".
Até mesmo o congressista Devin Nunes, um fervoroso partidário de Trump, admitiu de forma indireta na Fox News que Biden fez uma campanha "de sucesso de um porão".