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Berlusconi retoma contatos com Putin e provoca polêmica na Itália

"Voltei a ter uma relação com Putin, para ele sou o primeiro de seus cinco verdadeiros amigos", afirmou Berlusconi

Ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi é eleito pela primeira vez para o Parlamento Europeu (Elisabetta A. Villa/Getty Images)
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AFP

Publicado em 19 de outubro de 2022 às 11h18.

O ex-primeiro-ministro italiano e magnata do setor de comunicação Silvio Berlusconi voltou a provocar controvérsia nesta quarta-feira (19) por seus vínculos com o presidente russo Vladimir Putin , que enviou vodca como presente de aniversário e com quem trocou cartas amigáveis.

"Voltei a ter uma relação com Putin, para ele sou o primeiro de seus cinco verdadeiros amigos", afirmou Berlusconi, de acordo com o áudio de uma conversa cpm um grupo de parlamentares de seu partido Força Itália divulgado pela imprensa.

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"Os ministros russos afirmaram em diversas ocasiões que estamos em guerra com eles, porque fornecemos armas e financiamento à Ucrânia. Pessoalmente, não posso dar minha opinião porque se a imprensa tomasse conhecimento seria um desastre, mas estou muito, muito, muito preocupado", disse.

"Depois de muito tempo, restabeleci um pouco as relações com o presidente Putin", acrescentou.

"Para o meu aniversário (29 de setembro) ele enviou 20 garrafas de vodca e uma carta muito gentil. Eu também respondi com garrafas de (vinho) Lambrusco e uma carta igualmente doce", afirmou Berlusconi.

"Eu o conheci como uma pessoa pacífica e sensata", afirmou o líder do Força Itália, partido que integra a coalizão de direita que venceu as eleições legislativas de setembro e que negocia, em um cenário de tensão, a distribuição dos ministérios.

As declarações, que inicialmente foram desmentidas por seu partido, foram divulgadas na íntegra, o que provocou todo tipo de reações.

"Berlusconi sem freio", afirma o jornal La Repubblica, enquanto Giorgia Meloni, líder da coalizão de direita e considerada a futura primeira-ministra da Itália, comentou que o magnata é "refém dos pró-Rússia".

O Força Itália se viu obrigado a divulgar um comunicado oficial para explicar a posição do partido e de Berlusconi diante da Rússia e da Ucrânia, "alinhada com União Europeia e Estados Unidos".

A oposição de esquerda não perdeu a oportunidade para destacar as divergências internas da coalizão de direita que deve assumir o poder em poucos dias.

"Não é folclore, não são piadas. A nova maioria está começando a mudar a posição da Itália a respeito da Rússia por uma mais ambígua", denunciou Enrico Letta, líder do Partido Democrático no Twitter.

As declarações frequentes de Berlusconi, de 86 anos, em que expressa o desconforto com a nova líder da direita, Meloni, de 45 anos, que já descreveu como "obstinada, prepotente, arrogante e ofensiva", alimentaram também o debate sobre a misoginia do bilionário idoso.

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