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BCE multiplica suas medidas de apoio aos bancos

Manutenção da taxa de juros em 1,5% foi criticada pelo FMI

Jean Claude Trichet, presidente do BCE: medidas para ajudar os bancos (Wikimedia Commons)

Jean Claude Trichet, presidente do BCE: medidas para ajudar os bancos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 14h03.

Berlim - O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira medidas excepcionais para apoiar os bancos da Eurozona, pouco antes de uma reunião em Berlim das principais instituições financeiras internacionais, que falarão da crise da União Monetária.

Os governadores do BCE, que desta vez se reuniram na capital alemã e não na sede de Frankfurt, mantiveram sua taxa básica de juros a 1,5%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) respondeu rapidamente desde Washington dizendo que em sua opinião "há atualmente espaço para uma redução das taxas".

Além do anúncio sobre juros, o BCE divulgou um amplo leque de medidas para apoiar aos bancos, ameaçados por sua exposição aos títulos soberanos dos países mais frágeis do euro.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, anunciou uma série de operações excepcionais para ajudar no refinanciamento das entidades da Eurozona, e pediu para que elas fortaleçam seus balanços.

A instituição, com sede em Frankfurt, prevê duas operações de crédito ilimitado a 12 e 13 meses em outubro e dezembro. O BCE não recorria a este instrumento excepcional desde dezembro de 2009.

Trichet também anunciou uma reativação do programa de recompra de obrigações garantidas, por um montante total de 40 bilhões de euros, entre novembro de 2011 e outubro de 2012. Tais obrigações estão em sua maioria garantidas por bens imobiliários.

O BCE também manterá "durante o tempo possível", ou ao menos até 10 de julho de 2012, seus atuais empréstimos semanais, de volume ilimitado e à taxa fixa, disse Trichet em sua última coletiva de imprensa, antes de passar o cargo para o italiano Mario Draghi, no mês que vem. Antes da crise, essas operações eram de um montante limitado e a taxa era variável.

Entre janeiro e final de junho de 2012 serão efetuadas também seis operações de empréstimos a três meses, nas mesmas condições que os créditos a uma semana.

O objetivo dessas operações é "garantir que os bancos da Eurozona não fiquem limitados quanto à liquidez", disse o francês.


Uma falta de liquidez dos bancos poderia traduzir-se em uma contração do crédito, que poderia estrangular a atividade econômica.

Os anúncios do BCE não pareceram entusiasmar as principais bolsas europeias, onde os ganhos foram atenuados após o anúncio.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, propôs nesta quinta-feira uma "ação coordenada" da Europa para recapitalizar os bancos e livrá-los de seus ativos tóxicos. A chanceler alemã Angela Merkel se expressou no mesmo sentido na quarta-feira.

Os dirigentes da Eurozona temem que a crise da dívida que começou na Grécia e forçou o resgate deste país e também de Irlanda e Portugal se torne uma crise do setor bancário, exposto aos bônus dos países fragilizados por seu alto endividamento.

Prova da desconfiança entre as entidades bancárias da Eurozona, os depósitos destas no BCE alcançaram um novo recorde anual na noite de quarta para quinta-feira.

O bloqueio das transações interbancárias ameaça o financiamento da economia real e pode traduzir-se em uma nova recessão, dizem especialistas. A possível cisão do banco franco-belga, Dexia, cuja cotação em bolsa foi suspensa nesta quinta-feira, alimentou os temores de mercado.

A situação dos bancos deve ser abordada em uma reunião prevista a partir das 13H00 GMT (10H00 de Brasília) em Berlim entre dirigentes das principais instituições financeiras mundiais.

Merkel se encontra com a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, Trichet e com o ministro francês de Finanças, François Baroin, cujo país preside atualmente o G20.

Fora da Eurozona, o Banco da Inglaterra decidiu injetar nesta quinta-feira outros 75 bilhões de libras esterlinas (116 bilhões de dólares, 86 bilhões de euros) na economia britânica, para reativá-la.

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