Mundo

BBC transmite suicídio assistido de milionário britânico

A transmissão foi criticada por diversas organizações, que acusaram a emissora pública de ajudar a promover o suicídio assistido

A BBC se defendeu afirmando que a reportagem "Choosing to Die" dará aos telespectadores a oportunidade de criar sua própria opinião (Peter Macdiarmid/Getty Images/Getty Images)

A BBC se defendeu afirmando que a reportagem "Choosing to Die" dará aos telespectadores a oportunidade de criar sua própria opinião (Peter Macdiarmid/Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2011 às 22h21.

Londres - A emissora britânica "BBC" transmitiu nesta segunda-feira o suicídio assistido de Peter Medley, um empresário britânico multimilionário de 71 anos, afetado por uma doença neurológica motora, que recorreu à clínica suíça Dignitas para tirar a própria vida.

A transmissão foi criticada por diversas organizações, que acusaram a emissora pública de ajudar a promover o suicídio assistido e de encorajar outras pessoas a seguirem os passos de Medley.

A "BBC" se defendeu afirmando que a reportagem, intitulada "Choosing to Die" (Escolhendo morrer, em tradução livre), dará a oportunidade aos telespectadores de formar sua própria opinião, já que o programa reúne todos os pontos de vista relacionados ao suicídio assistido.

A reportagem mostra imagens de Medley tomando uma dose letal de barbitúricos na clínica suíça, que nos últimos 12 anos já ajudou mais de mil pessoas a morrer.

A organização britânica pró-suicídio assistido "Dignity in Dying" declarou que o programa é "profundamente intenso e em algumas ocasiões difícil de assistir".

"Não há a intenção de esconder as realidades da morte assistida. Ao expor a perspectiva de uma pessoa no suicídio assistido, nos coloca o desafio de pensar sobre este importante tema e nos perguntar que opções podemos querer para nós e nossos entes queridos no final da vida", avaliou uma porta-voz.

"Censurar o debate não fará nada para ajudar aquelas pessoas que sofrem de maneira intolerável", afirmou a porta-voz, que acrescentou atualmente "as pessoas não só viajam ao exterior para morrer, mas tiram suas vidas em suas próprias casas".

Os ativistas antieutanásia, como a organização "Care Not Killing Alliance", qualificaram o programa da "BBC" de "propaganda pró-suicídio assistido disfarçada de reportagem".

Alistair Thompson, porta-voz do grupo, acusou a "BBC" de não oferecer uma visão equilibrada sobre o assunto e de se aproximar dos programas nos quais se defende o suicídio assistido.

O porta-voz da organização antieutanásia afirmou que este tipo de programas de televisão apresenta o risco de criar "um efeito contágio" entre as pessoas que estão em situação vulnerável e que poderiam ser encorajadas a cometer suicídio.

"A evidência é que quanto mais se mostra isto, mais suicídios haverá. A 'BBC' tem financiamento público e tem a responsabilidade de oferecer um programa equilibrado", ressaltou Thompson.

"Choosing to Die" foi dirigido pelo escritor Terry Pratchett, que sofre o mal de Alzheimer e é partidário da eutanásia.


A reportagem começa quando Medley deixa sua casa no Reino Unido e declara a Pratchett: "Meu estado se deteriorou a tal ponto que preciso ir muito em breve".

Ao final, o programa mostra as imagens de Medley ingerindo uma dose de Nembutal com a ajuda de chocolate. Em seguida, começa a respirar com muita dificuldade e a chamar sua esposa, Christine, com a qual foi casado por 40 anos, que agarra suas mãos.

Enquanto agoniza, um dos empregados da clínica diz à câmera: "Ele está perdendo os sentidos. Em breve a respiração irá parar e depois o coração".

Pratchett acrescenta: "Isto foi um acontecimento feliz. Morreu tranquilo, mais ou menos, nos braços de sua mulher, discretamente". E

Acompanhe tudo sobre:BBCEmpresasSaúdeTelevisãoTV

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame