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Bateria de 13 mísseis atinge Israel: aumenta retaliação a acordos de paz

Escalada de tensão acontece logo após assinatura de tratados de normalização das relações entre Israel e países árabes

Jerusalém nesta quarta, 16: sul de Israel foi atingido por 13 mísseis disparados a partir da Faixa de Gaza (Getty Images/Getty Images)
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Carla Aranha

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 08h48.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 09h37.

A tensão aumentou nas primeiras horas desta quarta-feira, dia 16, entre Israel e os territórios palestinos, quando uma bateria de 13 mísseis atingiu o sul do território israelense, perto da fronteira com a Faixa de Gaza. Outros dois foguetes foram lançados nesta terça, dia 15, ferindo dois israelenses. Por enquanto, não há indícios de mortos ou feridos no ataque desta quarta-feira.

Nesta quarta, a operação de lançamento dos projeteis durou pelo menos 50 minutos. Os foguetes foram disparados a partir da Faixa de Gaza, controlada há dez anos pelo grupo islâmico Hamas. O ataque desta terça aconteceu no exato momento em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu assinava o acordo de paz, em Washington, com os mandatários dos Emirados Árabes Unidos e do Bahrein, dois importantes países do Golfo Pérsico.

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Ambas as ações são atribuídos ao Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza há mais uma década. O grupo, que prega o fim do território israelense, já vinha ameaçando retaliar militarmente caso os acordos de paz fossem realmente assinados.

Em represália aos ataques, Israel bombardeou nesta quarta-feira a Faixa de Gaza. De acordo com informações do Exército israelense, aviões de combate e helicópteros envolvidos na operação apontaram contra centrais militares do Hamas, entre elas "um local de fabricação de armas e explosivos, um complexo utilizado para lançar foguetes e uma infraestrutura subterrânea".

Os dois lados vêm trocando acusações e ameaças desde o primeiro ataque, nesta terça-feira. "A força de ocupação vai pagar o preço de qualquer agressão contra nosso povo ou locais de resistência", afirmou  o braço armado do Hamas.

O Hamas e Israel haviam assinado uma trégua no dia 31 de agosto, encerrando a troca praticamente diária de ataques. Mas paz durou apenas duas semanas.

A intenção era permitir, além do fim dos ataques, a implementação de programas para melhorar a qualidade de vida e a infraestrutura na Faixa de Gaza, que sofre um bloqueio de Israel desde 2007, quando o Hamas venceu as eleições palestinas.

Desde terça-feira, as tensões vêm novamente escalando. A Jihad Islâmica, importante grupo islâmico armado que atua na Faixa de Gaza, afirmou que “acordos "injustos empurrarão as forças da resistência a continuar com a jihad".

Acordos de paz

A normalização das relações entre Israel, os Emirados Árabes e Bahrein rompe um tabu entre lideranças do mundo árabe. Até agora, Israel tinha relações diplomáticas com apenas dois países vizinhos: o Egito (desde 1979) e a Jordânia (desde 1994).

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já declarou que está em negociações também com Omã, outro país do Golfo Pérsico. Em entrevista em dezembro de 2018, por ocasião de sua visita ao Brasil, Netanyahu afirmou que os acordo de paz já estavam sendo desenhados. “O mundo mudou, o Oriente Médio mudou e não faz mais sentido o clima de hostilidade instalado em toda a região há mais de 70 anos, quando foi fundado o Estado de Israel”, disse.

Criado em 1948, Israel tem sido visto como um inimigo pela maioria dos países vizinhos, em virtude da relação problemática com os palestinos, povo que disputa o direito de viver em terras também cobiçadas pelos israelenses. Agora, no entanto, as esperanças de normalização das relações com o mundo árabe ganham cada vez mais força – com ou sem ataques.

 

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