Para bancos excessos reguladores trazem riscos ao crescimento
Viena - Banqueiros e investidores alertaram hoje em Viena do risco de uma regulação bancária excessiva, o que poderia gerar menos empregos e fechar ainda mais a torneira dos créditos, estrangulando o já díficil crescimento econômico. O relatório preliminar do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne mais de 400 entidades […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Viena - Banqueiros e investidores alertaram hoje em Viena do risco de uma regulação bancária excessiva, o que poderia gerar menos empregos e fechar ainda mais a torneira dos créditos, estrangulando o já díficil crescimento econômico.
O relatório preliminar do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que reúne mais de 400 entidades bancárias e financeiras de todo o mundo, aponta que no mercado de trabalho da zona do euro, com a introdução de mais regulações bancárias deixaram de ser criadas mais de 4,8 milhões de postos de trabalho na próxima década.
Além disso, nos 16 países do euro, o crescimento econômico até 2020 será reduzido em meio ponto percentual por ano e o PIB nominal da eurozona acabaria sendo 853 bilhões de euros mais baixo no final da década.
O investidor americano George Soros advertiu que a situação atual lembra à da década de 30, quando o déficit fiscal era essencial para as políticas anticíclicas, mas apesar disso os Governo devem agora reduzi-lo pela pressão que exercem os mercados financeiros.
Estas coordenadas, segundo o magnata, podem empurrar à economia global a uma dupla recessão, com uma queda do PIB, seguida de uma breve recuperação e outra nova recessão.
Segundo sua opinião, a crise financeira atual não só representa um fracasso do mercado, mas um fracasso regulador e mais importante, um fracasso do dogma que prevalecia sobre a infalibilidade dos mercados financeiros.
"Entramos no segundo ato do drama, quando os mercados financeiros começaram a perder a confiança na credibilidade da dívida soberana", disse.
Soros acrescentou que "Grécia e o euro se transformaram no ponto de atenção, mas os efeitos podem ser sentidos no mundo todo. As dúvidas sobre a dívida soberana estão forçando a reduzir o déficit quando os bancos e a economia dão sinais de que talvez não sejam totalmente sólidas para permitir buscar a correção fiscal".
Neste contexto, o governador do Banco Nacional Austríaco (central), Ewald Nowotny, denuncia que "os mercados não estão funcionando da forma correta, têm distorções" e que as gratificações de risco aplicadas para a concessão de créditos "não refletem a realidade".
Nowotny citou como exemplo que "se olhar para a dívida pública da Espanha, não tem nada a ver com a da Grécia".
A futura regulação dos bancos e dos entidades de investimento, com seus produtos sintéticos, como os derivados e os seguros de riscos para créditos (CDS), foi o cavalo de batalha deste fórum.
"É imperativo que as novas reformas de regulação sejam coordenadas em nível mundial tanto na sua formulação quanto no calendário. Esperamos que a próxima cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) reafirme o compromisso de coordenação global", disse Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank.
O também presidente da junta de diretores do IIF afirmou isto diante da imprensa junto com outros representantes do instituto, que apresentou um "relatório preliminar" sobre o possível impacto de uma nova regulação do setor nos Estados Unidos, a zona do euro e no Japão.
O documento foi baseado nas reformas propostas pelo Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária, assim como outras reformas propostas por autoridades nacionais e "supranacionais", e, entre outros, conclui que uma implementação rápida demais afetaria negativamente à conjuntura e ao emprego.
"A análise sugere que a implementação rápida das propostas do Comitê de Basiléia teriam um impacto negativo no que diz respeito ao crescimento econômico e na criação de emprego", explicou Peter Sands, presidente do comitê especial para a regulação efetiva do IIF.
"Especificamente, nos Estados Unidos, na zona do euro e no Japão, a análise indica que o PIB de 2015 seria 3% menor" do que seria sem as reformas, "o qual envolve, em condições normais, que em um período de cinco anos seriam criados cerca de 9,7 milhões de empregos menos" dos previstos no mesmo período sem reformas, acrescentou.
O analista reconheceu que esses números são só uma aproximação, dadas as múltiplas variáveis que estão sujeitos os estudos, mas insistiu em que será necessário pagar "um preço alto para tornar mais seguro o sistema bancário".
Apesar da afirmação de que a "direção da reforma é correta", o IIF alerta que a reforma das regras financeiras afetará o custo dos empréstimos e reduzirá o volume de crédito que os bancos fornecem à economia real.