Bagdá exige US$ 1 bilhão dos EUA por danos da guerra
Prefeitura da capital iraquiana diz que exército americano transformou uma '"uma cidade bonita em um campo militar"
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2012 às 16h06.
Bagdá - A prefeitura de Bagdá exige desculpas e uma indenização de 1 bilhão de dólares do Exército americano, acusando essa força, que liderou a invasão do Iraque para tirar Saddam Hussein do poder, de "transformar uma cidade bonita em um campo militar".
Em um comunicado publicado em seu site na quarta-feira, a prefeitura citou danos à cidade causados pela construção de muros de concreto, vistos por toda a capital iraquiana, e pelo uso de veículos militares Humvee.
"A prefeitura de Bagdá exige dos Estados Unidos indenização estimada em 1 bilhão de dólares como resultado dos danos à infraestrutura e um pedido de desculpas à população de Bagdá", disse o comunicado.
"Qualquer pessoa pode reconhecer o que as forças americanas fizeram em Bagdá, transformando esta cidade linda em um campo militar e destruindo ruas e comunidades", acrescentou.
O comunicado informa ainda que os danos foram provocados por "erros do exército americano e sua negligência em relação a projetos concluídos pela prefeitura" nos últimos anos.
Muros de concreto são vistos por toda Bagdá, com o objetivo de proteger ministérios e a zona verde, de segurança máxima. Os veículos Humvees, agora usados pelo exército irauquiano e pela polícia, frequentemente provocam buracos no asfalto das ruas e avenidas.
Nesta quinta-feira, o jornal The Guardian publicou a informação de que o ex-secretário de Estado americano Colin Powell pediu que CIA e o Pentágono explicassem por que enviaram informações duvidosas que serviram de motivação para a invasão do Iraque.
Em seu discurso feito às Nações Unidas em 5 de fevereiro de 2003, Powell citou informações da inteligência - vazadas por um espião iraquiano apelidado de "Curveball" - sobre um suposto programa de bioarmas do líder iraquiano Saddam Hussein.
Mas o espião agora admitiu ter mentido para derrubar o ditador, em uma entrevista ao Guardian.
"Foi sabido por muitos anos que a fonte chamada Curveball não era totalmente confiável", disse Powell ao jornal britânico.
"Essa questão deveria ser levantada para a CIA e para o DIA (Agência de Inteligência de Defesa), sobre por que isso não foi sabido antes de a informação falsa ter sido enviada ao Congresso, ao discurso do presidente ao Estado da União e à minha apresentação de 5 de fevereiro na ONU".
O espião, cujo nome real é Rafid Ahmed Alwan al-Janabi, disse ao Guardian ter mentido ao serviço secreto alemão, o BND, ao afirmar em 2000 que o Iraque tinha caminhões de armas biológicas e que tinha construído fábricas clandestinas.
Durante o discurso de Powell, Janabi foi descrito como um "engenheiro químico iraquiano" que "supervisionou uma dessas instalações".
"Ele estava presente durante a produção de agentes biológicos e também estava no local quando um acidente ocorreu em 1998", disse Powell à ONU.
Janabi foi desmascarado como uma fonte duvidosa quando o BND visitou Bassil Latif, seu ex-chefe na Comissão Militar e da Indústria no Iraque, que negou a existência de caminhões ou quaisquer instalações do tipo.
No entanto, o BND continuou cooperando com o engenheiro químico, e os depoimentos falsos foram transmitidos a políticos americanos pelos serviços secretos.
O conflito resultou na morte de mais de 100.000 civis, abalando a carreira política do então presidente George W. Bush e seu secretário de Defesa, Donald Rumsfeld.